Uma calmaria antes da tempestade?

 Uma calmaria antes da tempestade?

(Análise de Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) O mercado do arroz no Sul do Brasil manteve-se praticamente estável nesta semana, com a colheita chegando praticamente aos 10% final da área semeada e grande expectativa para a divulgação, nos próximos dias, do percentual e da área de perdas efetivamente ocorridos na temporada. O comportamento do câmbio e uma possível retomada das exportações também compõem um cenário de calmaria, mas que poderia prenunciar uma tempestade. Por exemplo, o lockdown da China começou a represar ainda mais os navios e contêineres em todo o mundo, o que deve impactar ainda mais a comercialização internacional de grãos, entre eles o arroz.

A Federarroz comemorou o anúncio, pelo México, de um pacote anti-inflação que retira tarifas de importação de 20 produtos, entre eles o arroz em casca brasileiro. Porém, o problema do Brasil exportar para o México jamais foi esse ou a questão sanitária, sempre foi a competitividade x a necessidade dos mexicanos. Mesmo com tarifas zeradas, como já tem o Uruguai, o Brasil neste momento tem preços em dólar superiores e as muitas sondagens têm refletido em zero negócios.

O quadro levou o país ao ponto do projeto Brazilian Rice comemorar a exportação de 3 mil toneladas de arroz beneficiado, em 12 meses, pela indústria nacional, oriunda de contratos fechados em uma feira no Canadá. Isso num contingente de 1,5 milhão de toneladas que o país precisa colocar no mercado internacional para equilibrar seus preços internos. É o que temos, por hora e é melhor do que nada. Mas, é um volume irrisório diante do potencial brasileiro. Sem preço competitivo, seguiremos fora do mercado.

Corretoras têm se queixado do fato de as tradings reduzirem de cinco a 10 dólares os valores da tonelada cada vez que conseguem estimar a disponibilidade de volume de produto suficiente para fechar uma carga para exportação. Em dois, três dias, durante o levantamento, o limite inferior da cotação cai. O dólar acima de R$ 5,00 trouxe esperanças de que uma desvalorização do real acima de R$ 5,20 a R$ 5,30 por US$ 1,00 possa viabilizar novas saídas.

No mercado interno o varejo segue comprando da mão pra boca, com o estoque sobre rodas – ou cabotagem. A indústria tem se movimentado lentamente nas aquisições, seja por falta de espaço para receber o grão, seja por alto comprometimento do caixa com aquisições de estoque a valores mais altos de arroz “velho” e importações, baseadas na expectativa inicial de que a estiagem derrubaria a produção gaúcha. Segundo o Irga, as grandes perdas que chegaram a ser projetadas, não se confirmaram.

Atualmente, os preços da saca de arroz em casca, 50kg, à vista, no mercado livre gaúcho oscilam entre R$ 68,00 e R$ 71,50, dependendo da praça e se a depósito ou a levantar. Em Santa Catarina, entre R$ 65,00 e R$ 68,00, mas grão para parboilizado (de menor rendimento industrial). O fardo de 30 quilos (6×5) do Tipo 1, beneficiado, oscila entre R$ 92,00 (comum) e R$ 118,00 (nobres) no RS, enquanto o parboilizado (7% ICMS) fica entre R$ 90,00 e R$ 110,00, com raras exceções acima e abaixo destes patamares.

No segmento industrial a notícia que movimentou os grupos de whatsapp foi a aquisição da Broto Legal pela Urbano Alimentos. A notícia já era ventilada há pelo menos 45 dias nos bastidores da cadeia produtiva, mas com a batida de martelo na última semana, acabou ganhando mais espaço na mídia e se tornando pública.

PREÇO AO CONSUMIDOR

Os preços ao consumidor continuam com algumas oscilações nos limites mínimos e mais recorrentes. No caso do arroz branco, Tipo 1, o pacote de cinco quilos é comercializado no varejo entre R$ 14,49 e R$ 15,60 no limite inferior, com base em ofertas e promoções. Já os valores mais comuns ficam entre R$ 20,00 e R$ 23,00. A máximas têm se mantido estáveis entre R$ 34,00 e R$ 36,00 para tipos “premium” em nicho de mercado.

TENDÊNCIAS

A expectativa na próxima semana fica, ainda, na possibilidade de notícias sobre exportação, no levantamento de colheita a ser divulgado pela Conab, ainda com relação à pesquisa de abril, da balança comercial e da parcial do Irga a respeito da colheita no Rio Grande do Sul. O produtor segue de costas para a comercialização, aguardando maior clareza dos movimentos de mercado e preços, as tradings aguardando competitividade e a indústria abastecida e com importações concretizadas para recebimento até agosto, mas com regular dificuldade de repassar os preços da matéria-prima.

O varejo, despreocupado com o abastecimento, garantido pela safra, estoques e importações, segue o seu fluxo dentro da perspectiva de um consumo dentro da média dos últimos anos e até um pouco abaixo. Afinal, a inflação atinge a ricos e pobres e, matematicamente está provado, comida mais cara reflete nos volumes consumidos. Mesmo no arroz. A luz no fim do túnel, em 2022, precisa passar pelo porto. E isso é fato.

5 Comentários

  • Ué ué… Porque se falar em tempestade se estão certos e convictos que o RS produziu 8 milhões de toneladas nessa safra??? Não tô entendendo! O que que houve com aquela convicção de supersafra? De marolinha de mercado? Disse que iam passar vergonha lá no final… E sigo afirmando, mesmo que os números da Conab me desmintam amanhã, que o RS colheu 6,5 milhões de toneladas, subtraindo-se os abandonos, falhas, pouca água, friaca e na finaleira, as enchentes! A quebra na fronteira-oeste fechou em 30% no geral. Todo mundo sabe isso por lá… O dólar tá quase lá. Falta só mais um empurrãozinho! As exportações vão bombar! Eu nunca sonhei com R$ 100 nesse ano, mas o justo é 85/90… É vergonhoso saber que a industria resolveu remunerar seus CPRs com uma bonificação e, depois, anunciar que vai descontar tudo o que pode dos demais produtores! É um desserviço ao setor e ao lavoureiro que, é consabido, está fálido!

  • Por favor ao amigo Cleiton, me diga qual supermercado tem esse arroz de 14,49 tipo 1 que quero ir lá comprar uma carreta pra despesa, absurdo essa desinformação.

  • Engraçado q vejo noticiarem q colheita segue com 8300kg/h, cadê o noticiário das enchentes, só vejo no YouTube de enchentes prejudicando lavouras de soja.Tivemos aqui enchente numa soja totalmente imersa por cinco dias, mas como está fazendo frio, ficou totalmente preservada, fazia uma semana e meia havia perdido a folha, inclusive essa foi segunda enchente, outra ficou meio pé na água por dois dias. Somente algumas poças onde ficou dez dias nagua o grão desmanchou dentro da vagem. E arroz tivemos perda com acamamento devido correnteza, então foram perdas com seca, frio e agora enchentes, o q defende mesmo vai ser a soja.

  • Realmente as informações ainda são muito contraditórias com referencia ao total colhido da safra gaúcha. Quanto ao preço do arroz , uma grande rede de mercados, com sede em Passo Fundo, e com lojas no interior do RS, está vendendo arroz tipo 1 á 13,70 já a algum tempo…como consegue? Não sei…..

  • Atenção aos que vivem de arrendamento, inclusive algumas figurinhas que comentam aqui, já fizeram seus pedidos das SW4 e Hilux zero bala????? O arroz vai subir na próxima semana. Gosto de ler os comentários, quem não esta por dentro, acha que estão defendendo a classe produtora, mas na verdade estão é querendo engordar o próprio bolso. #averdadeofende!!! Bom final de semana a todos.

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