Uruguai pode reduzir área em 5% na próxima safra
(Por Planeta Arroz*) Depois de elevar sua área cultivada de 145 mil para 163,8 mil hectares com arroz no ciclo 2021/22, o Uruguai poderá reduzir a superfície plantada em pelo menos 5% na próxima temporada. A informação foi veiculada em artigo do jornalista Hernán T. Zorrilla, no caderno agropecuário Rurales, do diário El País.
Segundo ele, o setor orizícola uruguaio experimentou uma melhoria considerável nos últimos anos após várias colheitas difíceis, com números no vermelho, produtores que abandonaram o campo, refinanciamento de dívidas e diminuição da superfície plantada. Na safra 2020-21, o preço definitivo da saca de 50 quilos de arroz são, seco e limpo foi de US$ 12,35, e o provisório apenas 5 centavos abaixo desse. O fortalecimento da taxa de câmbio, o aumento da demanda mundial em decorrência das mudanças causadas pela pandemia e a alta produção em nível nacional, puxaram o setor para uma nova realidade muito necessária para a sua sobrevivência.
Para fixar o preço provisório da última campanha, 2021-22, colhida no início deste ano, a indústria e a Associação dos Cultivadores de Arroz (ACA) não chegaram a um acordo. Após consultados na Assembleia Geral Extraordinária, os produtores decidiram não aceitar os US$ 11,20 por saca oferecidos pelas beneficiadoras, portanto, até 30 de junho, um preço provisório acordado não foi alcançado. Como o depósito tinha que ser feito naquela data e a mesa de desacordo oferecia diferentes oportunidades à indústria, esta decidiu depositar os mencionados US$ 11,20 ao produtor, mas com um empréstimo de um dólar.
Ao longo do desenvolvimento da comercialização de arroz nesta última campanha, aspectos como logística internacional, maiores custos e fretes, a decisão do Iraque de comprar arroz da Tailândia e a queda do câmbio tiveram grande impacto. Este aspecto, tendo em vista o plantio da primavera e sem contar o preço final no início do próximo ano, desacelera o dinamismo do setor. O câmbio caiu em relação aos meses anteriores, a inserção nos mercados é mais desafiadora, os custos por hectare cresceram e se recebe 1 dólar a menos pelo preço provisório em relação à campanha passada.
USS 2.200,00
Esta situação indica que, embora não existam dados oficiais, há uma intenção de plantio que na melhor das hipóteses fica em torno dos 163,8 mil hectares plantados no ano passado, mas que deve apresentar uma queda, talvez -5%, retraindo a superfície semeada para 155,6 mil hectares. O sentimento do produtor foi afetado pelo preço provisório, junto com a taxa de câmbio mais fraca e custos crescentes. Estima-se que o plantio do hectare de arroz hoje esteja em torno de US$ 2.200, um aumento de 15% em relação à safra anterior, segundo dados confirmados por Alfredo Lago, presidente da Associação dos Arrozeiros.
É preciso lembrar que o arroz é uma cultura 100% irrigada no Uruguai e grande consumidor de energia, combustível e mão de obra, custos que são pagos em pesos.
Por outro lado, o aspecto positivo do momento é que as chuvas do mês de julho, com acumulações de até 300 mm em algumas bacias arrozeiras do território, permitiram um bom enchimento de água nas barragens, completando-as em alguns casos e melhorá-los muito em outros. Como exemplo, o norte do território, área especialmente afetada pelos últimos dois anos com déficit hídrico, registra uma média de 85% de enchimento em suas fontes de irrigação. Algo semelhante acontece com o centro do país, enquanto no leste, onde se concentra a maior área cerealífera, a situação é diferente porque é fundamentalmente nutrida pela bacia da Laguna Merín.
Em suma, o setor passa novamente por um período de grandes desafios. Enquanto a cadeia do agronegócio termina de definir os motivos pelos quais a bolsa de valores caiu mais de 1 dólar em um ano, com números mostrados pelo setor que contrastam com uma expectativa consideravelmente maior por parte dos produtores, o câmbio e os custos completam uma pacote que pressiona para baixo a área de uma cultura tão importante para o país, especialmente um desenvolvedor das áreas mais atrasadas. (*Com informações de Hernán T. Zorrilla, Rurales El País)