USDA prevê que o Brasil terá o menor estoque de arroz da década
Números combinam com projeção com base nos dados do IBGE, mas estão distantes da Conab.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) prevê que o Brasil terá em 2012/13 o menor estoque de passagem de arroz em 10 anos. Os números encontram consonância em projeção realizada pela Federarroz com base no levantamento de estoques divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em dezembro, somado à industrialização de arroz no Rio Grande do Sul, segundo a taxa de Contribuição para o Desenvolvimento da Orizicultura (CDO) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) entre julho e novembro, e a média histórica de processamento, importação e exportação em dezembro, janeiro e fevereiro.
Uma vez confirmados estes indicativos, os estoques indicados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 28 de fevereiro de 2013 estariam superestimados em 1,67 milhão de toneladas, base casca. A situação é gerada pelo conflito de informações, inclusive entre diferentes órgãos do governo federal, e a USDA. E pelo fato da Companhia ter alterado números de produção, consumo e estoques de passagem dos últimos cinco anos. “Em abril a Conab previa exportações de 600 mil toneladas de arroz (casca) e estamos com 1,25 milhão faltando três meses para findar o ano comercial”, diz Renato Rocha, presidente da Federarroz.
Para o setor, este comportamento afeta a credibilidade dos números da Conab. “Quando números consolidados são alterados assim e há conflito com outras fontes, inclusive uma delas utilizada pela própria Conab, há o direito da cadeia produtiva duvidar da informação”, reconhece Renato Rocha.
O vice-presidente da Federarroz na Planície Costeira Interna, Daire Coutinho, destaca que na contramão das informações sobre oferta e demanda apresentadas e revisadas pela Conab em 2012, o relatório semestral do IBGE divulgado em dezembro – referente aos estoques brasileiros em 30 de junho de 2012 – indica um volume de arroz 14,5% inferior ao ano passado. O total era de 5,3 milhões/t em casca. “O consumo médio, importações e exportações de julho a novembro, e o processamento divulgados pelo Irga, com base na taxa CDO, mais a projeção da média histórica de exportações, importações e processamento nos meses de dezembro a fevereiro nos indicam um estoque de passagem bem abaixo das ultimas nove safras”, afirma. Segundo ele, por esta projeção o Brasil teria 555 mil toneladas de estoque de passagem.
Na mesma direção seguem os resultados apresentados no relatório do USDA dia 11 de dezembro, indicando estoques de passagem de 390 mil toneladas (beneficiado), no final da safra 2011/12 e ainda mais ajustados ao final da próxima safra. “São 575 mil toneladas, número próximo da projeção baseado no IBGE/Irga e considerando as médias históricas de dezembro a fevereiro”, cita Daire Coutinho. Segundo ele, essas informações geram uma perspectiva otimista de preços para a próxima safra, prevendo oferta ajustada ao consumo e produção interna inferior à demanda. “Um cenário que se soma a perspectiva da adoção de cotas de importação ao produto do Mercosul e de sua adequação tributária”, assegura. “Temos a leitura do estoque de passagem mais ajustado, pois o mercado não refletirá indicadores só no papel nos próximos meses, quando oferta e demanda determinarão o comportamento do mercado”, assegura Rocha.
Quadro de oferta e demanda do Brasil, segundo a USDA – EUA
Estoque inicial | Produção | Importações | Consumo | Exportações | Estoque final | |
2010/11 | 0,55 | 9.30 | 0.63 | 8.20 | 1.48 | 0.80 |
2011/12 | 0.80 | 7.89 | 0.75 | 8.05 | 1.00 | 0.39 |
2012/13 | 0.39 | 7.82 | 0.75 | 8.05 | 0.60 | 0.31 |
Valores em milhões de ton base beneficiado.
Fonte: USDA/dezembro de 2012
4 Comentários
De vez em quando surge uma notícia boa. Mais uma informação ao mercado: as lavouras do cedo estão na fase crítica de temperatura. Previsão de 13ºC na campanha, fronteira oeste e depressão central. Muita chuva e vários dias sem sol. E a produtividade vai despencar!
Ainda bem que a verdade veio a tona. Falta a Conab mostrar os seus números, pois pelo jeito 2013 teremos um quadro muito ajustado. Em vez de queimar o estoque agora, o Governo deveria guardar essa munição para o segundo semestre de 2013, já que o produto dos estoques públicos será pouco e de qualidade duvidosa. Abraço e Feliz Ano Novo a todos.
Essa é a marca de um governo imediatista: agir sempre tapando os sóis com a peneira furada do populismo. Ao invés de permitir que o mercado tenha seu dinamismo, dando estrutura, educação e outras ferramentas para o empregador e “eleitor”- cidadão, respectivamente, tenham sua dignidade em sua posição na sociedade, o governo populista interfere… O governo populista prefere interferir nos preços da gasolina a qq custo para a Petrobras, correndo o risco de enfraquecer a instutuição. O governo populista prefere interferir na renovação dos valores de concessões para gerir fornecedoras de energia, correndo o risco de diminuir a qualidade do serviço e dando espaço para possíveis “APAGÕES”. O governo populista prefere despejar no mercado arroz e qq outro produto via Conab, que passe dos limites aceitáveis à sua perman^ncia no poder populista. O Brasil aos poucos está virando uma Venezuela e Argentina, aos poucos, está virando… E parece que ninguém ta percebendo.
Governo vai comprar a R$ 26,00 na safra e intervir com R$31,00 entresafra. agradando aos seus eleitores, ganhando o dinheiro que seria dos produtores e prorrogar a dívida dos mesmos, fechando assim um ciclo evidente que se instala.