Valor pago pela saca de arroz preocupa produtores do Rio Grande do Sul

Saca de 50 kg é vendida a R$ 35. De acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), isso significa R$ 10 a menos que o necessário para produção do alimento.

Apesar dos bons resultados da safra, os produtores de arroz do Rio Grande do Sul estão preocupados com o valor pago pelo grão, que conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) não cobre sequer os custos da produção. Atualmente, a saca de 50 kg é comercializada por R$ 35, preço considerado R$ 10 menor do que o necessário para produzir o alimento.

O produtor rural e presidente da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana e Barra do Quaraí, Roberto Fagundes Chigino, conta que no início da safra de 2017 recebia R$ 50 por saca.

"O preço caiu em torno de 30% do ano passado para cá e os insumos subiram bastante, o diesel, a energia elétrica. Isso causa um prejuízo muito grande", afirma.

O município de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do estado, é o maior produtor de arroz do Brasil e está na reta final da colheita do grão. Mais de 92% do total da área plantada já saiu das lavouras e a previsão do Irga é que o resultado seja 10% menor do que no ano passado.

Ainda assim, o resultado é considerado positivo. O que mais incomoda os produtores é o valor que a saca está sendo comercializada.

"Muito difícil. Na última safra, quando chegou a hora de vender, o preço foi muito abaixo do nosso custo. Esse é um ano que a gente trabalha só para sobreviver", lamenta Jorge Dovigi.

A família Dovigi vive há seis décadas da atividade. Ele diz que atualmente não está tendo retorno do dinheiro aplicado na lavoura. "Um ano extremamente difícil e sem precedente, nunca se teve uma safra como essa, e a gente não tem condições de pagar todo o nosso investimento", comenta.

Diante das reclamações dos produtores em relação aos preços pagos pelo arroz, as instituições do setor têm se mobilizado para encontrar alternativas para a situação.

"As instituições têm estruturado estratégias para comercialização com o governo federal e estadual, então temos ações da Conan e do Ministério da Agricultura para incentivar a exportação", explica o coordenador regional do Irga, Ivo Mello.

Além disso, conforme Mello, o governo federal deverá intervir no mercado fazendo compras para garantir um estoque regulador. O produtor Carlos Simonetti espera uma colheita melhor no próximo ano.

"Acho que em 2019 teremos preços melhores, quem sabe um pouco menos de oferta no mercado e o preço vai compensar. Isso é o que esperamos", projeta.

Na safra deste ano, um destaque positivo foi a não confirmação da queda de 15% em relação a 2017. As condições climáticas contribuíram para um avanço significativo da produção. No estado, foram mais de um milhão de hectares semeados, com previsão de colheita de oito milhões de toneladas.

5 Comentários

  • Em 2019 esperamos preços melhores??? Com que base???… Em 2019 a única certeza que eu tenho é um custo de R$ 54… O erro da grande maioria dos produtores de arroz é sempre acreditar que as coisas vão melhorar sem uma fonte de informações ou projeções confiáveis… É o sempre “acho que”!!! Vcs acham que o pessoal vai parar assim de uma hora para outra??? Vai não… Arrozeiro é que nem vermelho… Quanto mais tem, mais aparece… Se não reduzirem 20 a 30%… Não tem solução!!!

  • É importante para o setor orizicola estar focado no seu desempenho produtivo, e ter em mente que qualquer atividade exercida pelo homem sempre deverá ter remuneração , isto é lucro,, se atividade deixa um deficit estamos infelizmente ficando cada dia mais pobre mesmo estando trabalhando, não seria melhor ficar parado e ficar pobre sem trabalhar.Nos produtores estamos indiretamente doando nosso suor e nosso dinheiro para o consumidor.MEDIDAS URGENTES FAZEM-SE NECESSÁRIAS Tais como, SUSPENÇÃO IMEDIATA DA ENTRADA DE ARROZ DE OUTROS PAISES ATRAVEZ DO MERCOCUL E CONTROLE DA AREA PLANTADA PELOS GOVERNANTES FUTUROS.

  • Controle da área plantada?? Como assim ? O sr que vá plantar na china ou na Venezuela se quer mais controle.

  • Existe lavouras de arroz em Bento Gonçalves ? Achei que fosse a terra do vinho, mas pelo jeito há arrozeiros por lá. Interessante. Os morros devem ser escavados em patamares, e água da chuva como fonte de irrigação como na Indonésia.

  • Bem, trabalho com arroz a vinte anos e vivo dele, desde de que nasci, venho acompanhando as situações e se tratando do ‘Mercosul’, e o que posso avaliar no momento, que a única saída esta dentro de casa, ‘redução de área’, sei que é impactante, pois envolve vários fatores, mas após um tempo sera bem aceita. Temos que entender, que o governo só se preocupa com o que ele não pode dominar (Não é o caso do arroz) e ainda usa em muitas negociações esta barganha para tirar proveito (Comida barata para o povo Voto). Em três anos com uma redução de área programada e sem gastos avultantes (Investimentos, etc…) A lavoura arrozeira voltaria a ser lucrativa, mas precisa ser trabalhada na base familiar se for o caso ou como empresa, pois e melhor salvar o que tem agora do que não salvar nada que foi feito com muito trabalho, aquele clássica que se houve muito ‘Não da pra fazer conta’, ‘não podemos parar’ ou ‘se parar fica pior’ vai ter que mudar.
    Temos exemplos como em anos que se colhe menos arroz sobe, então devemos colher bem mais em pouca quantidade!
    Para voltar a mandar no nosso produto
    Um abraço e boa sorte a todos

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