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Natural de Farroupilha (RS), com 46 anos, o administrador de empresas GIULIANO FERRONATO, diretor da Mercado – Mercantil e Corretora de Mercadorias Ltda, filho e sócio do também corretor Ovídio Ferronato, é o responsável por um momento de transição na Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) e no sistema de comercialização de arroz no Rio Grande do Sul. Aos 16 anos tornou-se o mais jovem corretor a operar na extinta Bolsa de Mercadorias do RS. Com 28 anos de experiência na área de commodities agrícolas, diretor de uma das cinco corretoras mais atuantes na bolsa em nível de país e com diversos cargos e funções exercidas em entidades ao longo da carreira, foi eleito presidente do conselho de administração da BBM em 2015 para consolidar a entidade no exato momento em que foi construída a separação da BM&F-Bovespa. Seu desafio é fortalecer a entidade e levar o sistema de comercialização em bolsa até o mais simples produtor.
PLANETA ARROZ – Como começou a sua relação com a cultura do arroz?
GIULIANO FERRONATO – Com oito anos de idade, quando meu pai tinha um engenho de arroz no Paraná. Eu gostava de ir até lá e andar pelo chão de fábrica visualizando o processo de beneficiamento. Hoje é um produto importante tanto para a nossa corretora quanto para a BBM.
PLANETA ARROZ – Qual é a estrutura da BBM e como ela funciona?
GIULIANO FERRONATO – A BBM é uma associação civil sem fins lucrativos composta por 175 corretoras de mercadorias experientes no mercado agropecuário e que atuam em todas as regiões do Brasil. A bolsa opera leilões da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), realiza leilões eletrônicos de produtos agropecuários, faz registro de negócios de produtos e dispõe de uma moderna plataforma de pregão eletrônico para aquisições de bens e serviços comuns para ser utilizada pelos órgãos públicos e também por empresas do setor privado. Possui uma câmara arbitral formada por árbitros experientes para dirimir quaisquer conflitos decorrentes das negociações na bolsa.
PLANETA ARROZ – E está em todo o Brasil?
GIULIANO FERRONATO – Hoje a BBM tem a matriz em São Paulo, com filiais no Rio Grande do Sul, Paraná, Uberlândia (MG) e Rio de Janeiro (RJ). Possui um corpo diretivo composto pelo presidente do conselho de administração, vice-presidente e sete conselheiros. Também conta com um diretor-geral, um gerente administrativo financeiro, departamento jurídico, superintendentes regionais, auxiliares administrativos, assessores e colaboradores.
PLANETA ARROZ – Quem são os sócios e parceiros da BBM?
GIULIANO FERRONATO – Sócios são corretoras de mercadorias que atuam no mercado agropecuário experientes na comercialização de algodão, arroz, café, milho, sorgo, soja, trigo e outros produtos e também em licitações públicas e privadas. Parceiros, podemos citar a Conab e vários outros órgãos públicos (Comitê Olímpico Brasileiro e Sebrae, por exemplo), Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção (Abit), entre outros.
PLANETA ARROZ – Por que a BM&F-Bovespa deixou de ser acionista da BBM. Quais as vantagens?
GIULIANO FERRONATO – A BM&F decidiu focar suas operações nos mercados financeiros e não tem mais tanto interesse como nós em desenvolver operações nos mercados físicos de produtos agrícolas. Entre as vantagens estão uma maior autonomia administrativa e a liberdade para criar e dar andamento a novos projetos. Não vemos desvantagens.
PLANETA ARROZ – A BBM teve dificuldades ou imprevistos na migração de sistema, antes fornecido pela BM&F?
GIULIANO FERRONATO – Planejamos tudo detalhadamente para não enfrentar nenhum problema. Foram três meses de trabalho junto com nossas parceiras na área de tecnologia da informação. Assim, conseguimos migrar todos os nossos sistemas para uma plataforma da Microsoft. Hoje está melhor, mais ágil.
PLANETA ARROZ – A BBM tem novos projetos? Quais?
GIULIANO FERRONATO – Sim, a BBM sempre tem novos projetos. O que estamos estudando agora é aumentar o volume de operações em nossos pregões eletrônicos e fortalecer mais ainda a nossa câmara arbitral. O principal projeto foi desenvolver o Programa Arroz na Bolsa, que também se dará para o milho e trigo. Também estamos estudando o lançamento de leilões de fretes.
PLANETA ARROZ – Em 2015 o senhor assumiu a presidência da BBM no momento em que ela se dissociou da BM&F-Bovespa. O que muda na BBM com essa alteração de rumos?
GIULIANO FERRONATO – No que diz respeito à solidez da bolsa, nada. A BBM é uma instituição sólida, com todos os seus mercados em pleno funcionamento e com muito oxigênio para desenvolver novos projetos. Agora temos mais agilidade nas tomadas de decisões e foco maior nas necessidades do mercado. Vamos expandir os negócios com a criação de novos mecanismos de comercialização voltados aos corretores e ao agronegócio. O nosso objetivo é aperfeiçoar o que temos e desenvolver novos mercados.
PLANETA ARROZ – Quais os grandes desafios de sua gestão para consolidar a BBM como um canal de comercialização sem a BM&F?
GIULIANO FERRONATO – A BM&F nunca interferiu nos canais de comercialização da BBM, uma vez que praticamente todos os leilões promovidos eram oriundos de produtos da Conab. O principal desafio agora é trazer uma boa parte da comercialização informal dos produtos agropecuários para dentro do sistema BBM.
PLANETA ARROZ – Quais os desafios de sua gestão no sentido de fortalecer a BBM?
GIULIANO FERRONATO – Um dos principais desafios desta nova gestão é trazer para dentro do sistema BBM uma boa parte da comercialização informal dos produtos agropecuários negociados no Brasil, oferecendo, para isto, a nossa câmara arbitral para dirimir qualquer conflito decorrente das negociações e dar garantia nas negociações dos produtos adquiridos pelas indústrias/cooperativas/tradings/cerealistas.
Estamos estudando abrir uma nova filial no estado do Mato Grosso, pois há um déficit de corretores nesta região, que hoje está sendo considerada um dos maiores celeiros do Brasil. Outro quesito é fortalecer nossos corretores e torná-los excelentes no que mais sabem: na comercialização dos mais diversos grãos produzidos no Brasil.
Nosso esforço agora será implantar um plano estratégico para ampliar o crescimento da instituição em todos os níveis, divulgar mais o nosso sistema de licitações eletrônicas, que é o mais moderno do país, e fortalecer a nossa câmara arbitral do agronegócio, além de incentivar nossos corretores e clientes a trazerem e, principalmente, registrarem seus negócios dentro da nossa plataforma e, com isso, terem mais segurança em suas operações. Somos uma bolsa sólida e muito estruturada, não temos passivo, temos um ótimo patrimônio para desenvolver novos projetos.
PLANETA ARROZ – Em 2015, a BBM, com apoio do Irga e demais entidades setoriais, Emater-RS e Banrisul Corretora, deu início ao Programa Arroz na Bolsa. Qual é o objetivo deste programa?
GIULIANO FERRONATO – O principal objetivo deste programa é desmistificar que a bolsa é somente para grandes produtores. O que queremos é ser uma entidade que ajude o produtor na hora da comercialização, e para a indústria, um sistema de ofertas constantes com qualidade e credibilidade.
PLANETA ARROZ – Quais são as vantagens do programa para os elos envolvidos?
GIULIANO FERRONATO – Para o rizicultor: maior divulgação (pulverização) da oferta do seu produto, uma vez que há 175 corretores espalhados pelo Brasil. Para as corretoras: fortalecimento e movimentação dos corretores da BBM. Para a bolsa: fortalecimento da instituição como promotora de ofertas com qualidade e garantia. Outro benefício é a formação e divulgação de preço realmente praticado pelo mercado. Para as indústrias: fornecimento constante de produto com qualidade e garantia certificada por órgãos credenciados pelo Ministério da Agricultura.
PLANETA ARROZ – O primeiro leilão vendeu 10% da oferta, mas foi considerado um sucesso. Qual o motivo?
GIULIANO FERRONATO – O principal motivo foi a vinda do agricultor para um sistema antes desconhecido. Este tipo de leilão da iniciativa privada anteriormente só se dava por produtos oriundos do Irga. Esta foi a primeira vez que o produtor rural teve a chance de ofertar seu produto dentro das mais modernas formas de comercialização.
PLANETA ARROZ – O que foi ajustado para o segundo leilão e que lições devem ser aplicadas no futuro?
GIULIANO FERRONATO – O principal ajuste foi a divulgação do nome do produtor ofertante, trazendo mais credibilidade ao sistema. Também a dilatação do prazo de pagamento de dois dias para 15 e a identificação da variedade ofertada de todos os lotes. Com isso, a oferta no segundo leilão, em 22 de outubro, subiu para 76.640 sacas de 50 quilos. Foram comercializadas 70,3%, ou 53.900 sacas, totalizando R$ 2.256.216,00 movimentados na transação e, principalmente, alcançando a média de R$ 41,85, valor R$ 1,00 acima do que registrou o indicador Esalq/Senar-RS na mesma data. Esperamos realizar dois leilões em novembro e ao longo de 2016 adotarmos a prática de leilões quinzenais com uma oferta média de 100 mil sacas.
PLANETA ARROZ – Por qual motivo o arrozeiro deve ver esse programa como um aliado?
GIULIANO FERRONATO – O principal aliado do agricultor é a ampla divulgação do seu produto para os diversos compradores do Brasil. Outro benefício é a garantia do recebimento do valor da mercadoria vendida.
PLANETA ARROZ – A quem o rizicultor busca para obter mais informações a respeito e ganhar confiança no andamento do programa?
GIULIANO FERRONATO – Ele pode procurar mais informações a respeito do programa com os corretores credenciados da Bolsa Brasileira de Mercadorias. Os corretores da BBM estão capacitados a dar toda a assessoria tanto aos produtores que querem colocar suas ofertas no sistema quanto para a indústria que quer participar deste leilão.