Venezuela compra 240 mil t de arroz em casca no Mercosul

 Venezuela compra 240 mil t de arroz em casca no Mercosul

Porto de Montevidéu movimentará quatro navios

Serão oito navios, quatro da Argentina e quatro do Uruguai com 30 mil t cada um.

A Venezuela anunciou extraoficilamente a compra de 240 mil toneladas de arroz em casca com origem no Mercosul. Serão quatro navios carregados na Argentina e outros quatro no Uruguai com carga de 30 mil toneladas, cada um, segundo traders.

Os países vizinhos conseguiram fechar negócio por valores até 20 dólares por tonelada inferiores à proposta brasileira, em US$ 260,00 t. Isso graças à sua maior competitividade e a cotação referencial de R$ 3,75 no Brasil, com a moeda nacional um pouco mais fortalecida com relação à cotação do dólar estadunidense. Também extraoficialmente, fontes venezuelanas informam que a operação argentina terá à frente a ADM trading e a uruguaia ficará a cargo da Glencore Company.

Confirmado o acordo comercial, o produto será carregado a partir de setembro e a transação é triangulada por uma estatal chinesa que receberá o pagamento em petróleo e derivados de petróleo da Venezuela. A negociação, somente fechada na última terça-feira, já era tratada há 60 dias e o Brasil estava no páreo na intenção de voltar a ser o principal fornecedor do país caribenho, também segundo negociadores internacionais.

“Em que pese os números e a informação ainda não ser oficial, mas dos operadores, e a compra não ter origem no Brasil, a notícia é importante para o mercado doméstico, pois reduz a pressão de oferta do grão destes dois países no bloco econômico”, diz o analista Cleiton Evandro dos Santos, da AgroDados/Planeta Arroz.

Segundo ele, a Argentina conseguiu um bom desempenho no primeiro semestre do ano em suas exportações de arroz graças à desvalorização de sua moeda, e com isso escoou parte dos estoques de passagem e da safra 2018/19. Já o Uruguai, que exporta 95% do arroz que produz, teve uma retração de 28% nas vendas internacionais até junho. “Essa venda ajuda os uruguaios a voltarem aos seus patamares tradicionais”, acrescenta.

Para ele é importante frisar que o mês de junho evidenciou crescimento das exportações destas duas origens para o Brasil e uma venda mais significativa, embora a nossa competitividade menor no momento, permitirá aos vizinhos reavaliar as condições de envio do arroz para o nosso mercado. “Até agora, prevíamos que no segundo semestre o Mercosul ´viria com tudo´ sobre o mercado brasileiro, uma vez que suas vendas estavam travadas e precisavam desovar estoques. Esse retorno da Venezuela ao cenário regional muda essa expectativa”, reconhece.

Santos afirma que a valorização do real, a desvalorização do peso argentino, a boa safra do Paraguai e a necessidade do Uruguai correr atrás de mercados face ao primeiro semestre de baixo volume de negócios tornava o Brasil o alvo preferencial de um excedente de 2 milhões de toneladas no Mercosul. “Essa operação argentina e uruguaia com a Venezuela ameniza a tensão regional, ao menos por enquanto”, observa o analista da AgroDados/Planeta Arroz.

Para ele, se trata de uma boa notícia. “O ideal seria pelo menos em parte o produto ter sido comprado no Brasil. Esse volume que faria diferença na balança comercial esse ano, pois estamos começando a ter déficit mensal, e uma venda dessa proporção criaria um fato novo no mercado gaúcho com potencial até de movimentar as cotações. Ainda assim, a esta altura do campeonato é importante que saia arroz de qualquer um dos quatro países do Mercosul para terceiros mercados. Significa menos disponibilidade para jogar dentro do mercado brasileiro. Portanto, ainda que indiretamente, haverá reflexos”, resume.

As partes envolvidas ainda não confirmaram os contratos.

8 Comentários

  • Notícia positiva para o nosso mercado interno como preconiza o teor da matéria, a venda bem expressiva de 240.000 ton de casca para Venezuela alivia a pressão no bloco em relação ao Uruguai e Argentina com seus estoques acumulados.
    É fato que de forma indireta seremos beneficiados, haja visto que nossos parceiros produtores buscam novos mercados tirando o foco do mercado brasileiro, deixando para os consumidores nacionais absorverem os nossos custos de produção altíssimo.
    Mas…..o Paraguai continua ferozmente em nossos ”garrôes”’
    O casca continua em queda, e o governo sinaliza com um maior ”liberalismo” como forma de condução em sua política externa entrando cada vez mais fundo na globalização inter-blocos, sem uma apuração acurada entre as culturas por nós produzidas e os reflexos negativos em seus produtores.
    Não precisamos de protecionismo e nem subsídios, mas condições de produzir sem o famigerado ”custo Brasil” que é monstruoso, desproporcional, assimétrico e até agora incompreendido por todos os dirigentes que tivemos o desconforto de administrar o nosso grande e produtivo pais agrícola!!!

  • Se o maduro não pagar, o prejuízo será dos hermanos

  • Marcos, obrigado pelo teu comentário. Acreditamos que talvez tu não tenhas entendido o conteúdo. Quem paga o arroz, conforme explicado na matéria, é a CHINA, mediante triangulação na compra de petróleo venezuelano e conforme já ocorreu no ano passado com o Brasil. Nas compras diretas a Venezuela não tem obtido a necessária carta de crédito internacional e as tradings só têm negociado mediante pagamento adiantado ou garantias. Um abraço.

  • O interessante é o preço S 13,00 = RS 49,01 O saco do casca, sem os impostos cobrados aqui, arroz com rendimento a aprtir de 54% e até 2% de impureza. Se convertido a nossa base passaria dos RS 55,00 bruto.

  • Temos que mandar a nossa ministra ter umas aulinhas com nossos Hermanos

  • #SOS ARROZ

  • Quando o assunto é arroz… Sempre fala mais alto a relação Brasil x Itaipu x Paraguay… O Mercosul implode se não comprarmos nada dos hermanos… Que bom que esse arroz não vem para cá !!! Podem vender todo o estoque deles se é que tem 1 milhão de toneladas!!! O único medo que eu tenho é faltar arroz no Brasil entre dezembro e a próxima colheita… Eu não acreditava em desabastecimento, mas agora…

  • Eu não acredito em desabastecimento. O estoque de passagem será baixo.o futuro é incerto. Todo mundo de olho na intenção de plantio. Se continuar assim, com os produtores ansiosos para plantar, o preço não sobe. Terá oferta na próxima safra.

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