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Arroz branco: indústria tem dificuldades em repassar o custo da matéria-prima

Ajustes na oferta e demanda projetam estoques maiores para a passagem do ano

Os ajustes no quadro de oferta e demanda da Conab, em julho, indicam que o Brasil fechará o ano civil – janeiro a dezembro/22 – com estoque de passagem estimado em 2,2 milhões de toneladas (t) de arroz, em base casca. A previsão, portanto, é o equilíbrio entre produção e consumo e um superávit de 300 mil t na balança comercial.

A seca no sul e o excesso de chuvas em Tocantins afetaram os maiores produtores do país. Lavouras gaúchas tiveram perdas de 30 mil hectares. Colhidos, gerariam sobreoferta, e a safra iria a 11,3 milhões de toneladas. Os preços cairiam.

“Sem a quebra, não me surpreenderia se os preços no sul do Brasil, de março a maio, pelo menos, estivessem perto dos R$ 50,00 por saca”, disse Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura e Pecuária do RS, (Farsul).

Neste período, a média de preços ficou próxima dos R$ 70,00, e a recuperação traz impacto anímico positivo ao futuro do mercado. Ruy Silveira Neto, também da Farsul, considerou que, após dois anos de anormalidade, a trajetória dos preços volta ao normal. “A cada 10 anos, ao menos em sete, as cotações se elevam no segundo semestre por causa da maior oferta após a colheita”, explicou.

Confirmando-se o quadro, as cotações devem buscar novas referências e, assim, o fortalecimento. A lavoura espera valor entre R$ 85,00 a R$ 90,00 no pico da temporada. Nestes patamares, a média de preços no mercado gaúcho, em julho, ultrapassou os R$ 75,00.

O comportamento do arroz em casca repercute na cadeia. O rizicultor, capitalizado, adota a estratégia de evitar as vendas abaixo de valores que compensem seus custos.

A indústria, por sua vez, diz que se pagar o que o agricultor pede, tem prejuízo. O varejo não assimila repasse desse custos. E precisa disputar o arroz com tradings que pagam R$ 2,00 a mais por saca para exportação.

Ao consumidor, o alimento segue acessível, entre R$ 13,99 e R$ 36,00, a depender da marca e da região, no tipo 1, branco, em cinco quilos. O valor mais comum margeia os R$ 21,00.

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