Vigilância nega recolhimento de arroz suspeito

A troca do arroz suspeito ainda não foi prevista pelo governo federal mas será feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O superintendente estadual de Vigilância Sanitária, Arnaldo Muniz Garcia, negou que o exército vá recolher arroz com suspeita de contaminação com o fungo do beribéri, ao contrário do que alguns órgãos de imprensa divulgaram esta semana. Ele classificou as matérias veiculadas como irresponsáveis e nebulosas, já que não indicam as fontes de informação que embasaram a notícia.

– Nunca dissemos à imprensa que o Exército viria ao estado recolher arroz nenhum, e não faço idéia de quem tenha passado essas informações, que são inverídicas – declarou indignado o superintendente.

A Vigilância Estadual ratificou que as únicas informações válidas até o momento constam em publicações de O IMPARCIAL [exemplares de 13 e 15 deste mês]. Nessas matérias, foi informado que as 4 mil toneladas de arroz apreendidas nas unidades regionais de Imperatriz, Açailândia, Santa Inês e Barra do Corda estão interditadas desde fevereiro, por medidas preventivas do governo federal em combate ao beribéri.

A ação foi motivada por resultado de laudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que atestam a proliferação do fungo Penicilium Citreonogrun, motivador do beribéri, em quantias de arroz mal estocado.

Segundo pesquisas, quando submetido a graus elevados de umidade e temperatura, o arroz torna-se uma matriz de proliferação do Citreonogrun. O fungo libera a toxina Citreoviridina, responsável pela inibição e má absorção de vitamina B1 pelo organismo.

A ausência desta vitamina provoca fraqueza muscular, dificuldades respiratórias, e em alguns casos afeta o coração, causando uma cardiomiopatia chamada beribéri cardíaco.

SUBSTITUIÇÃO

A troca do arroz suspeito ainda não foi prevista pelo governo federal mas será feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com o órgão, a reposição depende da análise de 6 mil toneladas do grão estocadas em Balsas. Caso estas não estejam em boas condições, o estoque deverá vir do Rio Grande do Sul.

A Conab afirmou ainda que o laudo do Ministério da Agricultura sobre a qualidade dos grãos não tem data prevista.
Novas inspeções serão feitas em 4 e 8 de abril, quando a ação conjunta do Governo Federal, Vigilância Sanitária do Estado, e Secretarias Municipais de Agricultura realizarão treinamento com agricultores da unidade regionais de Imperatriz e Açailândia. As oficinas têm por finalidade ensinar os agricultores às técnicas adequadas de armazenamento do arroz.

CASOS

Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES), 1.069 casos de beribéri já foram registrados no estado desde 2006, resultando na morte de 32 pessoas. Os surtos da doença, ocorridos em 2006 e 2007, teriam sido motivados por consumo do arroz produzido por pequenos agricultores em 31 municípios das regiões de Imperatriz, Açailândia, Santa Inês e Barra do Corda. Mais de 500 usinas localizadas no Sul do Maranhão já foram inspecionadas e cerca de 4 mil toneladas de arroz contaminado já foram apreendidas. Outras 200 estão previstas para serem retiradas de usinas em abril.

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