Volta ao mundo

RS volta a exportar, após 27 anos
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Depois de 27 anos atuando no mercado internacional de arroz apenas como importador, o Brasil está retornando em 2004 ao cenário mundial como um exportador do grão com a venda de uma carga de 25 mil toneladas do produto em casca. O destino é o continente africano. Nos últimos anos, na área do arroz o Brasil vinha exportando exclusivamente subprodutos e grãos quebrados, com baixo valor agregado. O Projeto Exportação, tocado pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, com apoio das cooperativas, Irga, Farsul e da indústria, mobilizou o estado, venceu a burocracia e garantiu a carga. E recebeu proposta de compra de até 200 mil toneladas, volume que ainda não pôde atender e repassou para os arrozeiros do Uruguai e da Argentina. 

Apesar da expectativa de um impacto interno, com o enxugamento da oferta, esse projeto tem objetivos de médio e longo prazos. “As novas tecnologias estão levando o Brasil à auto-suficiência na produção de arroz, e precisamos encontrar mercados para o nosso produto. Como a demanda mundial é crescente, estamos iniciando a caminhada para conquistar o nosso espaço e assegurar a valorização do produto, em paridade com preços externos, como fizeram o trigo e o milho”, explica o presidente da Federarroz, Valter José Pötter. 

Depois dessa iniciativa gaúcha, analistas passaram a estimar cenários ainda mais promissores para o setor em 2005. O analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Paulo Morcelli, acredita que as exportações de arroz podem chegar a 300 mil toneladas na próxima safra, se nos próximos meses for desencadeado um movimento de ampliação das vendas de arroz brasileiro no mercado internacional. “Claro que não seremos grandes exportadores, porque o arroz produzido no Brasil ainda visa atender mais o mercado interno. Mas esse cenário já é uma boa sinalização para equilibrar os números do setor, caso ocorram problemas, como quedas de preço”, afirmou. 

 

O arroz na geladeira

A colheita de uma safra recorde no Brasil e a expectativa de um novo resultado positivo em 2004/2005, somados ao precedente aberto pela Argentina ao tributar as exportações brasileiras de eletrodomésticos, deram margem para que alguns setores brasileiros pedissem a reavaliação da política de importação de produtos agrícolas do Mercosul. O setor arrozeiro gaúcho está entre os segmentos que, embasados no precedente argentino, deram início a um movimento para impedir o ingresso do produto argentino e estabelecer cotas para a entrada de arroz do Uruguai. 

O movimento é coordenado pela Farsul. Uma reunião entre os ministros da Agricultura do Mercosul deverá debater o tema, dia 2 de setembro, em Porto Alegre. Os arrozeiros gaúchos, diante do atual cenário e do quadro de suprimentos do Mercosul, querem que Uruguai e Argentina (que têm quase 1,5 milhão de toneladas de excedentes) sejam mais agressivos com terceiros países e não coloquem mais de 800 mil toneladas (conjuntamente) no Brasil, sob pena de aviltarem preços e gerarem um alto estoque de passagem 2004/2005. 

“Não queremos apenas que o Mercosul cumpra esse volume, mas também que não continue aumentando a produção se não tiver terceiros mercados para vender”, diz o presidente da Federarroz, Valter Pötter. “Se não forem dimensionados os volumes de produção do Mercosul, poderemos viver uma crise que já conhecemos, onde os produtores dos três países serão os maiores prejudicados”, lembrou o consultor Marco Aurélio Tavares.

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