Voltando pra caixa
Após aumentar 100%, preço ao consumidor recuou em até 56,6%
Depois de disparar em 2020 com as compras antecipadas e de pânico nos mercados interno e externo e a variação do câmbio como motores, os preços do arroz branco ao consumidor nos supermercados brasileiros estão em queda nos primeiros meses de 2021. O ajuste cambial, com o dólar voltando mais pra perto dos R$ 5,00 do que dos R$ 6,00, e a expectativa de uma colheita que supra com sobra a demanda interna fizeram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrar em abril uma variação anual positiva de 56,66% no acumulado de 12 meses para o pacote de quilo, tipo 1, branco, segundo valores registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Foram cinco pontos percentuais abaixo do registrado entre março de 2020 e março de 2021 pela Fundação Getúlio Vargas.
A desvalorização do real, alta das commodities, maior demanda e menor oferta são algumas das explicações para a inflação nos 12 meses, que cresceu 6,76% entre maio de 2020 e abril de 2021, segundo o IBGE. Elevaram o índice 165 produtos que cresceram acima da média. Assim, o país segue acima do teto da meta da inflação, de 5,25%. O dólar mais caro em relação ao real só aumentou os preços das commodities já impactados para cima, pois são precificadas em moeda internacional. O arroz, altamente demandado interna e externamente, acompanhou. Os grupos alimentação e transporte, diretamente relacionados, subiram respectivamente 11,5% e 12,3%. Tais categorias representam quase 40% do IPCA.
A alimentação no domicílio marcou presença entre as maiores altas. Quatro das cinco primeiras posições pertencem à categoria: óleo de soja (82,37%), arroz (56,66%), feijão fradinho (50,71%) e peito bovino (46,17%). Também se destacam combustíveis: etanol (37,16%), gasolina (35,59%) e óleo diesel (24,56%). O efeito em cadeia do aumento de preço dos derivados de petróleo impacta os alimentos direta ou indiretamente. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial brasileira, chegou a 0,31% em abril e acumula alta de 6,76% em 12 meses – maior taxa em quatro anos e meio. Na área do arroz, ainda, ao menos um produto recuou de preços em 12 meses: a farinha de arroz está 1,86% mais barata.
Fique de olho
Mesmo com a queda no preço do arroz nos últimos meses, frente ao teto alcançado em 2020, ele e outros alimentos importantes da cesta básica devem continuar caros e impactando o poder de comprar dos brasileiros. Com a continuação da pandemia e nova rodada do auxílio emergencial, a procura por gêneros alimentícios deve evitar uma queda mais acentuada nos preços, segundo os analistas de varejo e economistas de agências oficiais.