Xô, vermelho
I – Numa parceria do Irga e a Basf, a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) participará do movimento Todos Unidos contra o Arroz Vermelho. A campanha será lançada no Congresso Brasileiro de Arroz e desenvolvida ao longo dos próximos dois anos em órgãos de comunicação, entidades de classe, sindicatos rurais, dias de campo e escolas para que as lavouras fiquem livres do arroz vermelho.
II – Esta invasora, considerada a mais importante na lavoura gaúcha de arroz, provoca perdas significativas aos produtores, com redução do rendimento, e exige manejo e controles difíceis, a elevação do custo de produção e afeta a qualidade do grão. O objetivo do movimento é informar os agricultores sobre a importância de evitar a volta do arroz vermelho. Serão destacados pontos importantes, como a utilização de semente certificada, produtos registrados, manejo correto de irrigação, consulta à assistência técnica e limpeza de maquinário.
Coca x arroz
A alta dos alimentos levou cocaleiros bolivianos a plantar arroz. Em El Chapare, um dos principais centros de produção da folha da coca do país mais pobre da América Latina, agricultores estão recebendo incentivos do Governo para semear arroz em seus campos. As oscilações do mercado global, que fizeram triplicar o preço do arroz no país, e uma política governamental de incentivos determinaram esta mudança. Milhares de agricultores se inscre-veram no programa, que tem um defensor inesperado: o presidente Evo Morales. Como líder do sindicato dos produtores de coca (cargo que ainda ocupa), lutou contra os esforços estrangeiros para a erradicação das lavouras de coca. O próprio FMI listou a Bolívia como um estratégico produtor de grãos, como arroz, capaz de reduzir os riscos de uma crise mundial de alimentos.
Fundamentos de Magri
A busca de uma produção sustentável na agricultura é o mote do livro “Fundamentos para a implantação e avaliação da produção sustentável de grãos”, do agrônomo Carlos Ferreira Magri, da Embrapa Arroz e Feijão. A publicação foi lançada em dezembro, resultado de três anos de trabalho. O livro composto de seis capítulos traz desde uma abordagem histó-rica sobre a evo-lução tecnológica na agricultura e desenvolvimento sustentável até a aplicação prática de método de percepção da sus-tentabilidade do arroz de terras altas, entre outras informações. A publicação é da editora da Embrapa, em parceria com o Crea/Goiás. Mais informações sobre o livro e formas de aquisição com o pesquisador Carlos Magri (magri@cnpaf.embrapa.br).
Encrenca
I – O novo código florestal brasileiro, motivo de polêmica entre produtores rurais e ambientalistas, voltou a ser discutido no Congresso Nacional. O projeto, que pretende atualizar a lei de 1965, deve exigir a desocupação de encostas, topos de morros e margens de rios. Em algumas regiões os produtores tentam se adaptar. A mudança tem um alto preço, pois afeta as várzeas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, principais produtores brasileiros de arroz. A exigência é de uma faixa de mais de 30 metros de reserva, que em geral não é cumprida. O Irga calcula que a proposta em pauta faria os produtores deixarem de plantar de 20% a 25% das lavouras no estado.
II – O novo código florestal brasileiro deve provocar alterações significativas nas áreas rurais. De acordo com o Ministério da Agricultura, elas podem eliminar da atividade mais de um milhão de trabalhadores. São pequenos produtores que atuam em áreas de agricultura consolidada. A mudança nas normas ambientais brasileiras pode acabar com tradições centenárias. Ela determina que as plantações de uva, café, erva-mate e maçã não podem mais ser feitas nas encostas dos morros. É exatamente em locais como estes que cresceram os parreirais da serra gaúcha, que hoje parecem fazer parte da paisagem, mas estão em áreas de proteção permanente. Pelo código, o que é parreiral deveria ser mata nativa.
III – Em clima de disputa com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que se o código florestal não for alterado serão eliminados pelo menos um milhão de pequenos produtores que já atuam em áreas de agricultura consolidada. “Uma coisa deve ficar clara: quando discutimos isso não falamos de Amazônia, como às vezes se tenta dar a entender, mas falamos de regiões de agricultura consolidada, no centro-sul do país”, afirmou o ministro, que defendeu ainda o plantio de arroz em áreas de várzea.
FALA, MINISTRO
"O nosso arroz é praticamente todo produzido em áreas de várzea e é assim em qualquer lugar do mundo. Mas aqui alguém que possivelmente estava em Ipanema ou em Brasília resolveu um dia dizer que não podia plantar arroz em várzea”.
A controvérsia em torno do código florestal tem colocado em lados opostos os ministros Reinhold Stephanes e Carlos Minc, que é natural do Rio de Janeiro. A tentativa de promover mudanças na legislação ambiental parece estar longe de se concretizar.
Irga x Embrapa
I – Depois de quase 20 anos e o sucesso obtido nas variedades BR Irga 410 e principalmente BR Irga 409 parece que a parceria entre o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) e a Embrapa será reeditada em projetos de arroz. O diretor-técnico do Irga, Valmir Menezes, visitou a Embrapa Arroz e Feijão, em Goiás, em dezembro, para conhecer as linhas de pesquisa em arroz irrigado. Valmir discutiu com pesquisadores os problemas técnicos da produção de arroz irrigado e as ações de pesquisa e transferência que são conduzidas visando melhorias. Com a chefia da unidade discutiu oportunidades de cooperação em projetos de pesquisa e ações de desenvolvimento.
II – Um dos temas tratados é a possibilidade de estabelecer uma infraestrutura mínima do Irga no campo experimental da Embrapa Arroz e Feijão em Formoso do Araguaia (TO), onde são conduzidos experimentos do melhoramento de arroz irrigado e tropical. A parceria permitirá acelerar o lançamento de cultivares, com uma geração de inverno. O Irga se dispõe a montar uma estrutura básica de apoio e destacar alguns profissionais para a atividade. Flávio Breseghello, chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento do CNPAF, considerou a visita muito produtiva, sendo que diversas áreas de cooperação potencial foram identificadas. A parceria pode gerar um sinergismo operacional, com ganhos para ambas as instituições e os produtores.