“La garantía soy yo!”

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Safra paraguaia: aposta no mercado brasileiro

Concentrando os estoques de arroz do Mercosul, vizinhos apostam nas vendas ao Brasil em 2016.

 A desvalorização do real gerou uma mudança no perfil dos estoques de arroz dos países vizinhos produtores que integram o Mercado Comum do Sul (Mercosul): Argentina, Paraguai e Uruguai. Eles colherão safras menores por causa do aumento nos custos de produção – alta das tarifas públicas, energia, combustíveis, frete, mão de obra, insumos e taxas ambientais – e do clima desfavorável nas duas últimas temporadas de plantio. Isso criou um cenário atípico no ano comercial 2015/16, que finda em 28 de fevereiro, no qual o “care over” do Mercosul pela primeira vez não está concentrado no Brasil.

Além disso, gera expectativa para os futuros movimentos do segmento no bloco econômico. A projeção é de que estes três países entrem o ano comercial 2016/17, em 1º de março, com um estoque de passagem de 700 mil toneladas, das quais pelo menos a metade teria sido remetida ao mercado brasileiro em 2015. Porém, a mudança cambial derrubou o preço da saca de arroz abaixo de 10 dólares, e o Paraguai precisaria de cotação superior a 11 dólares para exportar ao Brasil, a Argentina de 12 dólares e o Uruguai 12,5 dólares. No início de 2016 as cotações brasileiras ficaram entre 10,60 e 10,85 dólares, o que deixa o Paraguai em alerta para alguns negócios de baixo volume próximos da fronteira.

Com tal cenário, mais os danos causados pelo El Niño, a colheita do trio de parceiros comerciais na temporada 2015/16 deve cair 5%, de 3,68 para 3,5 milhões de toneladas (casca). A maior queda acontece na Argentina, que reduziu a superfície semeada em 9,6%. O Uruguai, segundo o presidente da Associação de Cultivadores de Arroz (ACA), Ernesto Stirling, não conseguiu totalizar o plantio de 160 mil hectares inicialmente previstos, perdeu mil hectares nas enchentes e nos 158 mil hectares a serem colhidos reduzirá a produtividade.
As perdas no Paraguai anulam a expectativa de aumento de área e volume de grãos. As lavouras caíram para 120 mil hectares e a produtividade se manterá estável pelo atraso da semeadura e pelas enchentes. O presidente da Associação de Produtores de Arroz da Bacia do Baixo Rio Tebicuary, Ignacio Heinsecke, diz que um terço das lavouras foi semeado em atraso. Na província de Misiones foram reduzidas as áreas pelo clima adverso.

APOSTA
Ainda assim, os vizinhos apostam na safra menor e na consolidação das exportações brasileiras para carrearem seus estoques ao grande mercado consumidor da América do Sul: o Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) considera que o país importará 1 milhão de toneladas, preferencialmente do Mercosul, e exportará 1,1 milhão de toneladas, com foco nas Américas e na África. A queda produtiva no Peru – que criou diferimento para impulsionar a produção local – e Colômbia e a crise alimentar na Venezuela – que sofre com a queda das cotações do petróleo – também são alvos de intensa negociação para remessa dos excedentes do Mercosul em 2015/16. A Argentina aposta na redução das taxas de exportação pelo novo governo. No Uruguai, a expectativa está mais voltada à retomada das vendas ao Oriente Médio, mas sem deixar de observar as oportunidades brasileiras.

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