10 não é o limite

 10 não é o limite

Figura 1- Ganhos em produtividade do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Período 1980-2018.

Projeto 10+ alcança 10,6t
por hectare na temporada
2017/18 e quer mais ainda
.

 A média de rendimento da lavoura gaúcha aumentou 95 quilos por ano nas últimas cinco safras, de 7,26 para 7,95 toneladas por hectare, números só superados em duas fases da orizicultura: os 120 quilos por hectare ao ano na década de 1980, refletindo as tecnologias da revolução verde, e os 228 quilos por hectare ao ano quando da revolução agronômica aliada à tecnologia Clearfield, na primeira década deste século.

Os números positivos atuais são creditados a fatores como a alta produtividade da variedade Irga 424 (também na versão RI), o advento do plantio na resteva da soja e o Projeto 10+, que com potentes ações de transferência de tecnologia levou conhecimento técnico a um grande número de orizicultores gaúchos.

Os resultados foram impactantes: as unidades demonstrativas em 157 lavouras distribuídas nas seis regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, abrangendo área de 3.474 hectares, alcançaram rendimento médio de 10.600 kg/ha (2012 sacas), volume 14,5% superior à média da safra 2017/18 nos 61.885 hectares semeados por este grupo de produtores-líderes, de 9.058 quilos por hectare, e 22,3% superior à média das safras 2015/16/17 deste mesmo grupo, que ficou em 8.237 kg/ha. A exceção é um ano de El Niño.

Luciano Carmona, consultor do Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (Flar), destaca que quando comparada a evolução nas produtividades em curto prazo (2011/14 versus 2015/18) é verificada uma acentuada diferença em nível regional. Os menores ganhos foram na região da Campanha com 42 kg/ha/ano e os maiores na região Central do estado. “Esta variação é facilmente explicada quando correlacionamos estes resultados de produtividade com as atividades do projeto como parcelas demonstrativas do Projeto 10+ (0,80), número de roteiros técnicos (0,81) e número de produtores participantes (0,76)”, explica o engenheiro agrônomo.

Segundo ele, estas correlações evidenciam que nas regionais onde o Projeto 10+ foi utilizado como a principal ferramenta de extensão, com locação de recursos humanos e foco no sistema de transferência, os resultados foram muito superiores, casos das regiões da Fronteira Oeste e Central com avanços de 159 e 150 kg/ha/ano, respectivamente.

O que é o P10+?
É um projeto de extensão, coordenado pela Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater-Irga), em uma parceria com o Fundo Latino Americano do Arroz Irrigado (Flar) e implementado desde a safra 2015/16, inicialmente capacitando técnicos e agrônomos do instituto em ações de manejo para altas produtividades e no sistema de transferência de tecnologia ‘produtor a produtor’. Na Safra 2016/17 os esforços se concentraram nas duas regiões de menores rendimentos no estado (Planícies Costeiras Interna e Externa) e na safra 2017/18 iniciaram-se atividades de capacitação para todo o corpo técnico do Irga, com validação das tecnologias propostas e do sistema de extensão nas demais regiões.

Desta forma, com o empenho da atual gestão e dedicação do seu corpo técnico, o Projeto 10+ reverteu uma tendência de redução das produtividades verificada nas safras de 2011 a 2014 para incrementos na ordem de 95 kg/ha/ano nas últimas três safras, contribuindo de forma decisiva para a melhora da rentabilidade do arrozeiro gaúcho.

Uma questão de resultados
A estratégia do Projeto 10+ consiste em produzir um diagnóstico da situação tecnológica nas regiões e microrregiões arrozeiras identificando os fundamentos de manejo que devem ser abordados e realizar o planejamento das parcelas demonstrativas com manejo para altas produtividades comparativas ao manejo tradicional do produtor. A proposta é motivar a troca de experiências entre os arrozeiros, de forma que são selecionados produtores líderes em diferentes regiões estratégicas e com estes são desenvolvidas atividades de transferência de tecnologia. Eles atuarão como propagadores destas práticas para grupos de influência.
Luciano Carmona, consultor do Flar, explica que as inovações tecnológicas propostas são simples e de fácil adaptação. A dificuldade, pontua, é quebrar algumas das resistências culturais dos rizicultores, mas o nível de receptividade e assimilação das tecnologias cresce a cada novo roteiro com o impacto dos resultados.

 

Carmona: produtividade em ascenção

Principais pontos do Projeto 10+

1- PLANEJAMENTO DA LAVOURA
* Garantia de eficiência dos processos de manejo
* Identifica os limitantes e define os planos de ação
* Define o sistema de produção e estratégias de manejo

2- PREPARO ANTECIPADO
*Garante época adequada de semeadura

3- ÉPOCA DE SEMEADURA
*Garante a maior oferta ambiental

4- SEMENTE CERTIFICADA
* Garante potencial produtivo
* Escolha do cultivar e proteção com tratamento de sementes

5- DENSIDADE
* Garante população adequada para altos rendimentos
* Densidades de 70-100 Kg/ha, buscando-se populações de 150-220 plantas/m²
* Calibração da semeadora

6- ADUBAÇÃO
* Baseada na análise de solo
* Calibrada conforme a cultivar utilizada, época de semeadura e histórico da área

7- CONTROLE PLANTAS DANINHAS
* Baseado em rotação de princípios ativos, histórico da área e produtos registrados

8- ADUBAÇÃO DE COBERTURA
* Em condições ideais que a maior parte da dose seja aplicada em solo seco entre os estádios V3-V4 com irrigação imediata

9- MANEJO DA IRRIGAÇÃO
* Garante eficácia dos processos de manejo

10- MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS E PRAGAS
* Baseado no uso de cultivares resistentes a doenças, histórico da área, monitoramento e nível de dano econômico

Fonte: Irga/Flar

 

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter