2020 é o ano!
Esperança de renda
move a lavoura orizícola
rumo à nova colheita
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Parece praga de madrinha. Quando o arrozeiro tem produto, não tem preço. Quando tem preço, não tem mais o grão para vender. Essa tem sido a realidade de boa parte dos rizicultores no Rio Grande do Sul nas últimas temporadas. Por isso, a esperança de que 2020 seja um ano de boa comercialização e lucros, uma vez que os fundamentos da economia e do mercado até fevereiro apontam nesta direção.
Mas se é uma tendência e não uma certeza, é porque alguns fundamentos em tempos de globalização podem sofrer mudanças. Por exemplo, o dólar pode oscilar de acordo com o quadro político mundial, mas o volume de safra e o perfil do consumo não vão se alterar tão profundamente. Com base no cenário atual, 10 entre 10 analistas afirmam que os preços médios do arroz em 2020 serão superiores às médias de 2019.
Isso porque deveremos ter um quadro de oferta e demanda muito mais ajustado do que prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por causa da boa exportação, a baixa produção e uma demanda estável. A queda da oferta do Mercosul e a expectativa de pequena recuperação do mercado global ajudam.
Mas com o dólar se mantendo acima dos R$ 4,00 e os Estados Unidos, principal concorrente do Mercosul, com uma quebra de safra de 15%, é forte a tendência do Brasil se manter como grande exportador. “A conjuntura, neste momento, aponta um ano bastante favorável”, explica, sem esconder o otimismo, Marco Aurélio Marques Tavares, diretor de Mercados da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul. Para Tavares, o quadro de oferta e demanda da Conab precisará ser atualizado para representar a realidade.
Cleiton Evandro dos Santos, analista de Planeta Arroz e AgroDados, considera que a tendência é de preços melhores, mas alerta para o movimento natural de queda das cotações no pico da colheita. “Março tem sido o mês das cotações mais baixas nas últimas temporadas, e mesmo com menor oferta e uma colheita mais longa, em 2020 não deve ser diferente. É quando começam a vencer a CPRs, o produtor se obriga a vender, muita gente não tem silos e precisa entregar arroz a depósito”, explica.
Por outro lado, enfatiza que as cotações entram a colheita bem mais altas do que nos últimos anos. “Em 2018 as cotações estavam em R$ 35,00 em fevereiro, enquanto em 2019 estavam em R$ 39,50. Agora já ultrapassamos R$ 50,00 no final de janeiro, então a queda tende a ser menor e a recuperação mais rápida”, entende. Para Santos, ainda que haja reflexo nos preços do arroz ao consumidor, ele não será de grande impacto. “Se o arroz subir 30%, representará alguns centavos por quilo, pois é o alimento mais barato da cesta básica. E não há risco de desabastecimento nem de um impacto visível na inflação”, garante.