Mercado de arroz quebra recordes de preços e estabelece margem para 2024

 Mercado de arroz quebra recordes de preços e estabelece margem para 2024

(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Operando em preços recordes, o mercado do arroz no país, e no mundo, segue superando seus limites históricos em uma forte trajetória de alta. Na semana que passou, por exemplo, foram reportados negócios a R$ 136,00 por saca de 50 quilos no Litoral Norte gaúcho. Claro, esta é uma característica diferenciada, e não exatamente a realidade de todo e qualquer arroz. Tratam-se de variedades nobres, com mais de 63% de grãos inteiros, alto rendimento industrial. Ainda assim, a média das cotações medidas pelo indicador Cepea/Irga, bateu em R$ 130,06 por saca de 50 quilos, referência para 58×10, acumulando 8,28% de elevação em apenas 15 dias. Na equivalência em dólar, a saca de arroz no Rio Grande do Sul alcançou US$ 26,31. O valor é superior ao estimado no pico da entressafra norte-americana na Bolsa de Chicago (CBOT).

Em Santa Catarina os preços estão acompanhando a alta gaúcha. Hoje, preço corrente no Sul Catarinense fica entre R$ 112,00 e R$ 115,00. É preciso levar em conta que nesta região a comercialização é mais forte com arroz para parboilização e muitas empresas, em especial as cooperativas, não cobram a secagem e subsidiam o transporte. No Mato Grosso os preços superaram os R$ 150,00 por saca e no Tocantins chegaram a R$ 175,00. Nestes dois estados, porém, a saca é de 60 quilos. De qualquer maneira, chegamos a uma condição na qual o arroz já vale mais do que a soja, o que era impensável um ano atrás.

Como a safra está bastante atrasada em algumas regiões, a expectativa é de que a entrada da colheita ocorra com valores bem elevados, com referências não inferiores a R$ 100,00 em março. Além de toda a conjuntura nacional e internacional envolvida, como preços altos globais, estoques zerados no Mercosul, colheitas afetadas por enchentes, suspensão de exportações na Ásia, colheita de baixa qualidade industrial nos EUA, há também uma novidade que é a compra antecipada do arroz (ou compra do arroz verde) por indústrias gaúchas em contratos de R$ 100,00 para entrega do arroz e vencimento em março. A estratégia da indústria, portanto, mudou. Geralmente este negócio era feito com preços baixos em troca das CPRs ou financiamentos diretos dos produtores. Hoje, o agricultor está com o poder de determinar os preços.

A oferta deve, gradativamente, começar a aumentar a partir do final do mês, com a chegada das primeiras colheitas do Norte de Santa Catarina, a safra no Paraguai e, no início de janeiro (entre 5 e 10), a chegada de um navio adquirido pela ADM com 30 mil toneladas de arroz branco, Thai 100%B, da Tailândia. Um segundo navio, adquirido por outro grupo, deverá chegar até 20 de janeiro, somando 60 mil t.

A entrada destas safras (Santa Catarina, Paraguai e as importações) tendem a reduzir o ímpeto de alta das cotações. Ainda assim, a conjuntura é plenamente favorável ao agricultor que dispõe de arroz para venda, pois a safra tende a ser baixa no Brasil e nos países vizinhos, não há disponibilidade de arroz de boa qualidade nos EUA, as cotações mundiais seguem muito altas e pouco competitivas e importar da Ásia demanda tempo – e custos. Portanto, bons preços seguem no horizonte do agricultor.

Outra boa notícia desta semana foi a de que as exportações de arroz (base casca) somaram 139,9 mil toneladas em novembro, o equivalente a US$ 56,6 milhões. Em relação ao mesmo mês de 2022, quando as vendas externas totalizaram 147,5 mil t, houve recuo de 5,2% nas exportações. Já a receita aumentou 4,4% na mesma comparação (em novembro do ano passado, o faturamento foi de US$ 54,2 milhões).

No acumulado de janeiro a novembro, o Brasil exportou 1,7 milhão de t, com divisas de US$ 599,6 milhões. Em relação ao mesmo período de 2022, quando as vendas externas alcançaram 1,8 milhão de t, representando US$ 567,8 milhões, houve queda de 6,5% em volume e aumento de 5,6% em receita.

Os embarques de arroz beneficiado tiveram em novembro o melhor desempenho do ano. As vendas externas totalizaram 92,5 mil t, significando US$ 35,9 milhões.

Importações

No mês passado, as importações brasileiras de arroz foram de 97,7 mil t, o equivalente a US$ 42,7 milhões. De janeiro a novembro, o país importou 1,35 milhão de t, com desembolso de US$ 491,9 milhões. No acumulado do ano, em 11 meses o Brasil alcança um saldo de 350 mil toneladas de arroz, em base casca, na balança comercial, e US$ 108 milhões em divisas.

 

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter