Produtividade surpreende arrozeiros no Vale do Rio Pardo

Com metade das lavouras colhidas, produtores e técnicos já comemoram rendimentos acima da média e projetam uma safra histórica .

O ditado de que para uma boa produção de arroz é preciso água no pé e sol na cabeça está se confirmando no Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, e deverá fazer desta uma das melhores safras dos últimos anos na região. As chuvas na medida certa à época do plantio e o sol forte durante o período de desenvolvimento do grão e na hora da colheita estão animando os agricultores, que já contabilizam volumes de produção bem acima das médias regional e estadual.

O clima seco que está devastando propriedades e provocando prejuízos cada vez maiores nas lavouras de soja e milho está mais do que nunca ao lado dos arrozeiros, castigados pelo excesso de chuvas na safra passada. Na região, a cultura mais tradicional é a do fumo.

Segundo o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), o Vale do Rio Pardo já colheu cerca de 46,5% dos 31,5 mil hectares de arroz que foram plantados na atual safra. A colheita está avançando mais rápido nos municípios atendidos pelo escritório do Irga de Candelária, onde metade dos 14.955 hectares já foram colhidos.

Já em Passo do Sobrado, Rio Pardo, Pantano Grande e parte de Encruzilhada do Sul, atendidos pelo escritório rio-pardense, a colheita chega a 42% dos 16,6 mil hectares. Em todo o estado já foram colhidos 40% dos 1,02 milhão de hectares, sendo que a Fronteira Oeste é a região mais adiantada (58%).

O chefe do escritório do Irga em Candelária, Caubi Pilon, não tem dúvidas de que esta safra será marcada pela produção recorde do grão. Ele afirma que somente no município, onde os produtores mantiveram os mesmos 8 mil hectares plantados na safra passada, serão colhidos 70 mil sacos a mais que nos anos anteriores. “Isso siginifica que a boa produção de arroz vai fazer circular R$ 2 milhões a mais somente na economia de Candelária, que já está sentindo as conseqüências da estiagem”, frisou.

Pilon afirma que o clima completamente favorável, somado ao manejo correto das lavouras, está fazendo com que produtores colham quase 6 mil quilos por hectare em toda sua região, que vai de Cerro Branco até Cruzeiro do Sul, já no Vale do Taquari. “Nunca se produziu tanto arroz na região como neste ano. Deveremos encerrar a safra com rendimento médio de 5,5 mil quilos por hectare, enquanto em anos anteriores nunca passamos dos 5,1 mil quilos por hectare”, frisou.

Se na região do Irga de Candelária a média de 500 quilos por hectare acima da produção histórica está animando os arrozeiros, em Rio Pardo e Pantano Grande os rendimentos verificados até agora não serão esquecidos tão cedo pelos produtores. Segundo dados do escritório local do Irga, em algumas áreas já foram colhidos 8 mil quilos por hectare, enquanto a média histórica de Rio Pardo é de 4,9 mil quilos por hectare. Teve produtor que ficou com a lavoura inundada durante mais de uma semana em novembro e agora está colhendo, na mesma área, 5,2 mil quilos por hectare.

PROBLEMAS

Embora a luminosidade tenha sido ideal para o arroz na região, produtores de municípios como Vera Cruz e Santa Cruz do Sul tiveram problemas ou com o excesso de chuvas em novembro, logo após o plantio, ou com a estiagem nas últimas semanas. “Houve ataque de lagartas no arroz de sequeiro em Vera Cruz e bastante arroz vermelho em algumas áreas dos 1.532 hectares de Santa Cruz. Não fosse esse problema os dois municípios poderiam encerrar a safra com média acima dos 6 mil quilos por hectare”, assinalou o técnico. A estimativa é que a colheita se encerre em pouco mais de um mês na região.

COMERCIALIZAÇÃO

Não são apenas as boas médias de produtividade que estão animando os arrozeiros. Os preços pagos ao produtor no mercado do cereal em casca no estado se mantêm com média de R$ 31,50 pelo saco de 50 quilos, valor R$ 1,81 acima do custo de produção médio calculado pelo Irga, de R$ 29,69.

O valor está dentro da antiga reivindicação dos agricultores, que sempre exigiram que o saco custasse, no mínimo, US$ 10. O mercado gaúcho está operando com estabilidade durante esta semana, acenando para alguns fenômenos interessantes, como o sucesso da estratégia dos arrozeiros de segurar o produto neste momento.

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