Arrozeiros gaúchos mais perto da exportação

Contatos da última semana deixaram o setor otimista para a
possibilidade de exportar. Na semana passada houve oferta de compra internacional para o arroz gaúcho pagando R$ 33,19 por 50 kg/58% de inteiros.

Em meio a uma semana marcada pela expectativa e alguns registros de baixa nos preços internos do arroz, a cadeia produtiva do Rio Grande do Sul recebeu boas notícias. A possibilidade de exportação do produto em casca tornou-se palpável e deve concretizar-se nas próximas semanas. Na última semana, o vice-presidente da Federarroz, Valter José Pötter, e membros da futura diretoria da entidade mantiveram reuniões com resultados muito positivos no porto de Rio Grande.

Além de confirmar as condições logísticas para exportação do arroz em casca gaúcho em navios graneleiros de até 40 mil toneladas, Pötter estabeleceu contatos com empresas que atuam no mercado internacional e estão se instalando no Rio Grande do Sul. Pelo menos três grandes empresas internacionais com tradição na comercialização de grãos já sinalizaram interesse em negociar com o setor.

Entre os principais resultados dos encontros estabelecidos em Rio Grande, o setor arrozeiro está convencido da viabilidade de exportar o produto em casca e com algumas vantagens sobre o produto beneficiado. O fato do Uruguai e da Tailândia estarem com suas estruturas de exportação voltados para o produto beneficiado e as dificuldades da Argentina em exportar o produto em casca pela tributação interna deixaram os Estados Unidos praticamente sozinho no mercado.

A Ásia ainda enfrenta restrições para exportar o produto em casca por questões sanitárias, como a gripe asiática. Como os estoques norte-americanos neste período de entressafra nos Estados Unidos andam na casa das 600 mil toneladas e há grande demanda mundial pelo produto, o Brasil poderá tirar proveito de um momento favorável do mercado internacional. Ou seja, o mercado mundial, neste momento, tem boa oferta de arroz beneficiado e baixa oferta de produto em casca de qualidade, justamente o que o setor produtivo gaúcho pretende ofertar para enxugar a oferta interna.

Apesar do mercado internacional do arroz ser muito dinâmico por questões de oferta e procura que mudam diariamente, bem como a flutuação do câmbio, o momento apresenta-se favorável à produção gaúcha. Em valores da última quarta-feira, Valter Pötter, recebeu uma proposta de compra de, pelo menos, 20 mil toneladas de arroz gaúcho em casca, Tipo 1, com 58% de inteiros, pelo valor de R$ 33,19 o saco, posto em Rio Grande. “Isso daria um valor líquido acima de R$ 31,20 por saco, num cálculo feito por baixo, o que está acima do valor líquido por este tipo de arroz pago por algumas indústrias gaúchas no momento”, avalia.

Segundo ele, uma exportação nestes valores é amplamente favorável à orizicultura gaúcha. Os R$ 33,19 passam a ser o referencial de preço interno para este tipo de arroz e a cadeia produtiva vai ganhar com o enxugamento do mercado. “Nós saímos de Rio Grande convencidos da viabilidade da exportação e de que trata-se de uma ferramenta muito importante para este momento de impasse do mercado”, disse Valter José Pötter. “A concretização dos primeiros negócios é apenas uma questão de tempo”, acrescentou.

Por esta dinâmica de negociação, o comprador assume os custos com logística a partir do caminhão. O custo adicional do arrozeiro é colocar o produto em Rio Grande.

Afora isso, o arroz negociado é remunerado por classificação. O comprador remunera em 2,36 dólares a mais, por tonelada, cada ponto percentual de inteiros que aumentar na classificação. Sendo assim, o arroz com 60% de inteiros, por exemplo, será remunerado a 4,72 dólares a mais por tonelada do que o 58%.

Em compensação, a queda no volume de grãos inteiros penaliza o produtor com rebaixamento no preço. Para Valter José Pötter, a venda do produto para o mercado internacional pelo mesmo preço praticado internamente já vale a pena por três motivos básicos: a sinalização de preços para o mercado interno, o enxugamento da oferta e a abertura de uma importante e promissora alternativa de comércio para o arroz brasileiro. “Temos que globalizar também a nossa produção de arroz e não apenas o consumo”, destacou.

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