Estoque de passagem será menor do que o esperado
Entrou menos arroz do Mercosul do que era esperado e o mercado começou a ler estas informações. O que garante a reação de preços no Rio Grande do Sul.
O estoque de passagem de arroz no Brasil deve ficar significativamente abaixo de 1,6 milhão de toneladas que era esperado e sinalizado pelo mercado. A expectativa é levantada pelo consultor e diretor de Mercados da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares, um dos maiores especialistas no assunto.
Segundo ele, a recuperação dos preços do arroz no Rio Grande do Sul, mesmo com a entrada da nova safra, é apenas um dos sintomas. Na verdade, o que estamos identificando é um ingresso de arroz do Mercosul muito menor do que o esperado inicialmente, explica.
Alguns setores da indústria já concordam que o estoque brasileiro na passagem da safra será menor do que tem sido estimado. Ainda extra-oficialmente, há uma expectativa de que os números fechem entre 1,1 milhão de toneladas e 1,3 milhão de toneladas.
Tavares está refazendo os cálculos, mas acredita que mesmo a previsão de 1,3 milhão de toneladas de arroz, divulgadas anteriormente, poderá estar superestimada. Ainda estamos fechando os números e precisamos acertar um ponto muito importante nos critérios que é a quebra técnica. Defendemos, com base em estudos científicos do Irga que a quebra técnica é de 2% sobre a produção, informa.
Se confirmados os dados de Tavares e levado em consideração este percentual de quebra técnica, o estoque de passagem brasileiro seria enxugado em mais de 240 mil toneladas.
A realidade do mercado do arroz no Rio Grande do Sul, neste momento, confirma que um dos fatores que desqualificaram preços no segundo semestre de 2004 foi a leitura que o mercado e alguns consultores fizeram de que o estoque de passagem poderia chegar a mais de 2,3 milhões de toneladas. Naquele momento havia uma leitura, de alguns setores, de que o Mercosul colocaria mais de 1,5 milhão de toneladas de arroz (todo o seu excedente) no Brasil. O afrouxamento da legislação com a brecha aberta pela isenção de PIS/Cofins sobre o arroz esbramado e beneficiado do Mercosul era a principal razão desta crença.