O produtor de arroz entre a cruz e espada
Há varias cultivares longo-fino disponível para o produtor mato-grossense hoje no mercado. No entanto, apenas duas são amplamente cultivadas, o arroz BRS Primavera e o Cirad 141.
Há varias cultivares longo-fino disponível para o produtor mato-grossense hoje no mercado. No entanto, apenas duas são amplamente cultivadas, o arroz BRS Primavera e o Cirad 141. Essas duas cultivares abriram um precedente na cultura de arroz de terras altas que esta sendo difícil de ser superado pela pesquisa.
O arroz Primavera apresenta um excelente ponto de panela, não necessitando longo tempo de prateleira para ser comercializado, sendo esse o ponto mais apreciado pelas indústrias. No entanto, para o agricultor tem todas as características indesejáveis em uma planta de arroz, como a alta suscetibilidade ao acamamento, baixa produtividade, sensível ao ataque de bruzone na fase vegetativa e na fase reprodutiva.
Por outro lado, o Cirad 141 é o arroz que apresenta a rusticidade que o produtor gosta com relação à resistência a doenças, acamamento e responde em aumento de produtividade à tecnologia usada, mas precisa de um tempo maior de prateleira para ser comercializado
Até ai nada de novidades para o produtor que faz seu planejamento de plantio, semeando Primavera cedo para diminuir a pressão por pragas e doenças e comercializar esta cultivar no inicio da safra. O equilíbrio neste sistema pode estar ameaçado por pressões nada amigáveis ao produtor.
Por um lado ele tem a pressão de gerar receita rápido no inicio da safra para honrar seus compromissos e essa liquidez ele só consegue com um investimento de alto risco que é plantar o arroz Primavera sujeito a acamamento, pouca produtividade e pressões de doenças cada vez mais fortes; por outro lado ele tem a possibilidade de melhor rentabilidade investindo no Cirad 141, pois a alta produtividade e a rusticidade desta cultivar dão ao produtor maior segurança ao seu capital, apesar de seu preço de mercado ser dois a três reais mais baixo que o Primavera.
Esta já é uma safra cheia de incertezas e muitos produtores já estão contabilizando seus prejuízos. Imaginemos como será a próxima safra se o produtor, por alguma razão, tenha somente uma opção de arroz longo-fino que atenda a indústria local. Não há agricultor que agüente mais um solavanco desses no mercado e certamente não haverá produção para atender as indústrias locais. Estamos num momento muito delicado para a cultura de arroz de terras altas e isso pode acabar afetando toda a cadeia produtiva deste sistema.