Produção Integrada de Arroz no Brasil
O agronegócio orizícola está buscando um padrão de produção, com reconhecimento em nível nacional e internacional, que assegure a gestão da propriedade agrícola com enfoque na qualidade. O artigo do pesquisador José Francisco da Silva Martins, da Embrapa Arroz e Feijão, apresenta o projeto de Produção Integrada de Arroz no Brasil (PIA).
A cultura do arroz irrigado está estabelecida basicamente na Região Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, este agroecossistema anualmente recebe elevada carga de insumos químicos, especialmente de herbicidas, cujos resíduos podem contaminar os mananciais hídricos. Em Santa Catarina, onde predomina o sistema de arroz pré-germinado, há também intenso uso de produtos químicos.
Cenários semelhantes ocorrem em áreas de expansão da cultura do arroz irrigado na Região Centro-Oeste do Brasil. Neste contexto, o agronegócio orizícola está buscando um padrão de produção, com reconhecimento em nível nacional e internacional, que assegure a gestão da propriedade agrícola com enfoque na qualidade.
A Produção Integrada de Arroz Irrigado no Brasil (PIA) é um sistema que ao ser implantado, além de minimizar possíveis impactos ambientais negativos da lavoura orizícola, insere, direta ou indiretamente na cadeia produtiva do arroz, boas práticas agrícolas (BPAs) e vários processos com abordagem alimentar, ambiental e social, constituindo-se em um sistema de certificação oficial.
Na PIA, é fundamental que componentes (cultivares, agrotóxicos, fertilizantes, equipamentos etc.), práticas culturais (preparo do solo, semeadura, adubação, controle de pragas etc.) e recursos naturais (água, biodiversidade, clima e solo) sejam utilizados de modo a permitir a redução do uso de insumos químicos, facilitando o atingimento de (1) maior produtividade e (2) maior qualidade do produto final (segurança alimentar), com (3) segurança ambiental.
Para tanto, a Embrapa desenvolve um trabalho, a fim de apresentar um modelo de implementação de PIA, visando a concessão de selos de conformidade para a orizicultura irrigada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
O modelo de PIA prevê ações a serem implementadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins, como interação multidisciplinar e interinstitucional no sentido de racionalizar os recursos humanos e financeiros para implementação do projeto de PIA; adaptação de tecnologias de baixo custo e compatíveis com as normas de PIA; treinamento de técnicos e produtores em áreas de instalação do sistema de PIA; realização de seminários, dias de campo e publicações técnicas, entre outros.
O programa de PIA está sendo desenvolvido com a parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sua coordenação está à cargo da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), juntamente com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Epagri (Itajaí, SC) e Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO).
Em 2005, houve reuniões de sensibilização sobre PIA em Porto Alegre (RS) e em Florianópolis (SC), onde ocorreram manifestações de apoio de instituições ligadas à cadeia produtiva do arroz (FEDEARROZ, SINDARROZ, FEARROZ, no Rio Grande do Sul; e SINDARROZ, em Santa Catarina). Em março de 2006, realizou-se uma reunião de sensibilização em Palmas (TO).
O objetivo dessas reuniões foi conscientizar a cadeia orizícola sobre a PIA. Em uma segunda fase, serão ministrados cursos de capacitação, envolvendo representantes de diferentes setores da cadeia produtiva do arroz, prioritariamente orizicultores e membros da assistência técnica e extensão rural. Atualmente, estão sendo geradas e reunidas informações, como por exemplo por meio do acompanhamento de áreas piloto, para validação de um sistema de PIA.