Mercado despenca de vez. No Sul e no MT
Depois de uma semana que indicava estabilidade, a falta de compradores e o início da safra em algumas regiões brasileiras, mesmo que em pequenos volumes, faz o mercado despencar de vez. O movimento decrescente de preços surpreendeu até aos analistas de mercado.
A esperança de uma estabilidade de preços no mercado do arroz em casca brasileiro e, principalmente, no Rio Grande do Sul a partir da última semana, definitivamente foi pro brejo. Os preços despencaram de vez esta semana, com queda de até R$ 1,50 em comparação com a semana anterior. Mesmo os analistas mais experientes, não arriscam uma causa e responsabilizam mais o efeito psicológico da nova safra ou um erro na projeção do tamanho do estoque de passagem. Muitos apostam que é bem maior do que a Conab e outras instituições estão apontando.
A realidade é que em algumas praças gaúchas, já existem cotações nominais de arroz a R$ 18,00. E quase nenhum negócio de compra por parte da indústria. Em Cachoeira do Sul, Dom Pedrito, Santa Maria, Rio Pardo, Alegrete e Guaíba, as cotações do arroz em sacos de 50 quilos e com 58% de grãos inteiros ficaram entre R$ 18,00 e R$ 18,50 a partir desta terça-feira. E podem cair mais até sexta. Pelotas, Camaquã, Uruguaiana e Itaqui, pagam R$ 19,00 a R$ 19,50 pelo arroz colocado dentro da indústria. O fraco para parboilizado fica na faixa de R$ 17,00 a R$ 18,00, dependendo da localização e da qualidade.
A indústria segue a espera de oferta, mas não vê o varejo se mexer em busca de produto.
Variedades nobres com maior percentual de inteiros alcançam até R$ 20,75 na Fronteira e R$ 23,50 no Litoral Norte (neste caso, com 63% de inteiros). Nesta região, a variedade IRGA 422CL e similares são cotados entre R$ 19,00 e R$ 20,50.
OUTRAS REGIÕES
A safra, que já começou, aliada ao impacto negativo da notícia de extinção da Associação de Produtores de Arroz do Mato Grosso (APA/MT), fez caírem significativamente os preços do arroz neste estado do Centro-Oeste. A cotação média do arroz primavera (60 quilos/50% de inteiros) em Sinop não passa de R$ 23,00, já com algumas ofertas de compra por R$ 22,00 por parte de algumas empresas, com 30 dias para entregar. Primavera do Leste mantém cotação de R$ 23,00, enquanto Sorriso e Rondonópolis têm mercado em R$ 24,00. Em Cuiabá, o produto que valia R$ 32,00 há três semanas, já é comercializado na faixa de R$ 28,00 a R$ 29,00.
Em Santa Catarina, a pressão com a chegada da safra já a partir do dia 10 interferiu pesadamente nos preços. Jaraguá do Sul e também o Sul catarinense praticam preços médios de R$ 20,00 a R$ 20,50. A diferença chega a R$ 1,50 por saco de 50 quilos de arroz com 58% de grãos inteiros, com relação há 15 dias.
INDICADORES
O indicador de preços do arroz do Cepea/Esalq e BM&F, indicou para esta quarta-feira, uma nova queda. No mês, a redução de preços acumulou 14,89%, despencando de R$ 22,44 para R$ 19,33. O Cepea analisa arroz com 58% de inteiros e 50 quilos, posto na indústria gaúcha. A diferença é de R$ 3,11 por saco de arroz.
INDÚSTRIA
A indústria trabalha esperando a safra. Com fraca demanda do setor de varejo, trata de eqüalizar seu fluxo e esperar para comprar bem e buscar rentabilidade na hora de vender para os supermercados e varejistas em geral. Só há negócios de oportunidade e com produtores que vão depositar a safra nestas empresas. No mercado há uma leitura de bom volume de produto disponível e da chegada de uma safra superior às estimativas oficiais. E com produtores com problemas sérios de crédito e precisando de capital.
As indústrias gaúchas e catarinenses negociam o fardo de 30 quilos do arroz, em média, a R$ 30,00 (final São Paulo). Marcas top chegam a R$ 42,00 e algumas variedades nobres, até R$ 46,00. Em compensação, as chamadas marcas de combate e alternativas, já estão fazendo qualquer negócio para chegar à gôndola, com fardo batendo em São Paulo por até R$ 26,50. Para negociações dentro do Rio Grande do Sul, o saco de arroz beneficiado (60kg) fica entre R$ 40,00 e R$ 43,00, dependendo das suas características e região.
Os derivados mantiveram preços pela demanda para carregamento de navios para exportação, em Rio Grande. O canjicão segurou R$ 27,00 (60kg) e a quirera, R$ 20,00.