Chuva atrasa colheita e causa perdas (PR)
Ainda falta colher mais de 30% da safra que já deveria estar concluída; estiagem da semana ajudou produtor.
Os produtores de arroz irrigado do Paraná queriam ter passado o Carnaval com a colheita da safra 2006/07 concluída, mas as chuvas freqüentes dos últimos meses não permitiram. Quase a metade do arroz ainda está no campo e os prejuízos com a queda na produção e na qualidade do produto já começam a preocupar os agricultores.
O agrônomo Miceslau Boszczovski, da Cooperativa Agroindustrial do Noroeste do Paraná (Coopagra), unidade de Santa Izabel do Ivaí, informou que foi colhido entre 50 e 60% do arroz na região de Paranavaí, até a semana passada. Naquela região esta a maior área do Paraná com 12.470 hectares. Como a plantação ocorre entre agosto e setembro e o ciclo é de quatro a cinco meses, normalmente, os produtores começam a colheita na virada do ano e terminam antes do Carnaval.
Os irmãos Antônio Francisco e Alonso Panatto Burigo saíram de Santa Catarina há quatro anos para cultivar 108 alqueires de arroz em Herculândia, distrito de Ivaté, perto do rio Ivaí. Eles dizem que ainda falta colher em torno de 40% da lavoura e as perdas já passam de 15% por causa do acamamento (tombamento) das plantas provocado pelas chuvas. Na lavoura dos irmãos catarinenses, a estimativa era colher 8.000 quilos por hectares, porém os números não estão passando de 7.000 quilos.
Para tentar compensar as perdas, os catarinenses estão apostando numa espécie de safrinha e no arroz de sequeiro, que consiste em aproveitar a brota após a colheita.
– Isso é uma experiência que pode dar certo ou errado. Se o frio chegar forte e cedo a gente perde tudo, mas se atrasar podemos ter uma segunda colheita e recuperar um pouco os ganhos. Acreditamos que vai dar certo porque agricultura é fé também -, comenta.
Nos últimos anos, dezenas de produtores oriundos de Santa Catarina passaram a cultivar arroz na região próxima ao rio Ivaí. Com eles, vieram novas técnicas, principalmente, a do nivelamento do terreno e separação do lote em pequenas quadras. Com isso, é possível controlar melhor o nível da água no arroz e ter maior aproveitamento na adubação.
Outro problema enfrentando pelos agricultores do Noroeste é a queda na qualidade. Miceslau explica que na safra passada, por exemplo, 60% do arroz colhido tinha os grãos inteiros, o arroz agulhinha. Na colheita atual, apenas 47% está obtendo essa classificação. O reflexo é sentido na hora da comercialização, já que o arroz agulhinha está sendo vendido por R$ 28,00 e o arroz quebrado não passa de R$ 22,00 a saca de 60 quilos em Santa Izabel do Ivaí.
Segundo o técnico do Departamento de Economia Rural(Deral), órgão da Secretaria Estadual da Agricultura, Ático Luiz Ferreira, o arroz teve queda em torno de 7% na área cultivada no Paraná em 2006/07, se comparado com a safra anterior quando foram plantados 20.002 ha.
Na safra atual são 18. 683ha. A região de Paranavaí foi uma das poucas no estado onde a área aumentou passando de 12.070ha para 12.470ha. Em segundo lugar no plantio está a região de Paranaguá com 1.400ha e em terceiro Umuarama com 1.344ha.