Cresce consumo de proteína animal

Os produtos em que a competitividade é menor tiveram queda no consumo, como o arroz (menos 6,1% na última década).

Alimentos de origem animal tiveram aumento, enquanto os vegetais caíram. Os produtos de origem animal foram os alimentos cujo consumo mais aumentou na última década. Levantamento exclusivo da Cogo Consultoria Agroeconômica mostra que o frango foi o produto que liderou esse crescimento, com 54,2%.

Atualmente o brasileiro come mais frango que carne bovina: são 36,8 quilos por habitante ante 36,5 quilos per capita. No mesmo período, o aumento do consumo de carne bovina foi de apenas 1,10%.

– Esta é uma tendência mundial – diz Carlos Cogo, diretor da empresa.

Segundo ele, no mundo todo a demanda por alimentos foi maior para os produtos de origem animal, na última década, com aumento de 51% para o frango e 21% para os suínos. Os cereais que registraram crescimento significativo, milho (27%) e soja (50%), são justamente aqueles que servem de matérias-primas para as rações animais.

– É a prova da nossa alta competitividade e, ao mesmo tempo, do ganho de renda – explica Cogo, referindo-se ao fato de os alimentos de origem animal serem os que registraram maior crescimento, uma vez que o País é líder na exportação de frango e bovinos e quarto lugar no de suínos.

Por outro lado, os produtos em que a competitividade é menor tiveram queda no consumo, como o arroz (menos 6,1% na última década). Segundo o consultor, a passagem pelo Plano Real e o barateamento dos preços das carnes levou o consumidor brasileiro a ter acesso mais fácil a proteínas animais. O levantamento mostra também que além do frango, também tiveram aumento significativo de consumo os ovos (54,2%), os suínos (32,9%) e o leite (13,7%).

– As carnes entram em primeiro plano quando se têm aumento real de renda – diz o consultor.

Entre os alimentos de origem vegetal, apenas o café e os derivados de trigo tiveram crescimento no consumo de 13% e 10,1%. No entanto, no caso do trigo, o País não é auto-suficiente desde 1987.

– Isso é uma situação complicada, pois não conseguimos cobrir os custos de produção da Argentina, que são menores – afirma.

De acordo com o consultor, o Brasil é hoje o segundo maior consumidor mundial de café e está caminhando para a liderança.

– Este aumento é resultado da qualidade, que melhorou – avalia.

Assim como o arroz, o consumo de feijão também caiu (10,2%). De acordo com o consultor, parte disso é resultado do crescimento do consumo de comida pronta e fast food.

– O resultado disso é que no futuro as lavouras comerciais vão tomar lugar das pequenas. Só sobreviverá quem tiver alta produtividade – afirma. Clóvis Puperi, diretor-executivo da União Brasileira da Avicultura (UBA), diversos fatores foram determinantes para o resultado do frango: como o desenvolvimento dos criatórios, o aumento da tecnologia e a oferta com melhor preço e apresentação.

– O consumidor hoje não precisa, por exemplo, comprar frango inteiro – avalia Puperi. Ele ressalta, no entanto, que o crescimento da década não se refletiu no ano passado, quando houve uma retração em virtude da “crise da gripe aviária”.

Apesar do resultado dos últimos 10 anos, os produtores de suínos querem mais. A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) pretende fazer uma campanha institucional para o aumento do consumo interno. Isso porque, enquanto o Brasil consome 12,1 quilos per capta, o Paraguai, por exemplo, consome 30 quilos.

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