Produtores de arroz em MT esperam preços melhores mas indústria ainda está receosa
A área plantada não deve aumentar o que vai fazer o preço se manter estável para o produtor.
O cenário da orizicultura mato-grossense para a próxima safra deve ser bom.
A opinião é do produtor e ex-presidente da APA – Associação Mato-grossense dos Produtores de Arroz, Angelo Maronezzi. Otimista quanto a próxima safra, ele acredita que a área plantada deve se manter e, com isso, “o cenário é muito bom para o agricultor. A perspectiva de remuneração nos parece promissora, até mesmo porque o governo vai desovar esse estoque atual (cerca de 80 mil toneladas) e não vai mais ter arroz de passagem na mão das indústrias”, ressaltou. em entrevista ao Só Notícias/Agronotícias A área plantada não deve aumentar o que vai fazer o preço se manter estável para o produtor.
Já a indústria de arroz não está muito otimista. O gerente de grãos de uma das grandes empresa beneficiadora em Sinop, Avibar Ribeiro Costa, acredita que a tendência é o Estado diminuir ou, no máximo, manter a área plantada na última safra, que teve uma produção entre 500 a 750 mil toneladas.
Segundo ele, os leilões do governo pouco devem interferir.
– Não vão mudar o cenário porque a grande fatia dos leilões é do Rio Grande do Sul. Nós não temos logística para trazer, mas as indústrias do Sul e do Nordeste, com o dólar nesse patamar, vão trazer arroz de fora – afirma.
Desanimado, ele completa.
– Não temos incentivos, não temos nem linhas de crédito para plantar arroz – dispara.
O setor pede aumento do incentivo do Programa de Desenvolvimento da Indústria do Arroz (Proarroz) de 75% para 90%. Hoje, as empresas pagam 3,24% da alíquota cheia de 12% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ao produto vendido para fora do Estado. Se o benefício for elevado, o imposto devido será de 1,2%. As vendas internas são isentas do pagamento do ICMS desde o início de 2003, por decreto governamental, que visava reduzir o custo da cesta básica.
De acordo com o Sindarroz (Sindicato das Indústrias de Arroz), nas últimas safras o setor arrozeiro enfrentou sérias dificuldades, mesmo tendo investido grandes valores em modernos maquinários e em tecnologia. Mato Grosso tem perdido mercado para Santa Catarina, Maranhão e, principalmente, para o Rio Grande do Sul, que bateu a marca de produção de 6,4 milhões de toneladas/ano de arroz. O maior motivo da perda de competitividade é a infra-estrutura precária. Enquanto outros estados evoluem na oferta de meios de transporte, como fretes marítimos, Mato Grosso não oferece novas alternativas de transportes.
Segundo uma pesquisa do portal Safras e Mercados, a área a ser plantada com arroz deverá crescer 3,3% no Brasil na próxima safra, passando de 3,048 milhões de hectares para 3,148 milhões de hectares. No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, o plantio deverá subir 9,4%. Já no Mato Grosso, segundo lugar no ranking de produção, estima-se um crescimento de 0,3% na área a ser plantada.