Governo tem excesso de arroz estocado

Atualmente estão nas mãos do governo 1,3 milhão de toneladas do cereal – quase dois meses de consumo – e outras 500 mil toneladas poderão ser adicionadas se os contratos de opção que vencem em outubro forem exercidos.

O governo apoiou os produtores de arroz e agora tem um problema nas mãos: o excesso de produto, abarrotando os armazéns. Com isso, na próxima colheita pode faltar espaço para guardar o cereal, além de, em caso de necessidade de intervenção governamental, não ocorrer por escassez de silos.

Atualmente estão nas mãos do governo 1,3 milhão de toneladas do cereal – quase dois meses de consumo – e outras 500 mil toneladas poderão ser adicionadas se os contratos de opção que vencem em outubro forem exercidos.

Apenas 45 mil toneladas do total do estoque público estão fora do Rio Grande do Sul (estima-se que 80% estejam em armazéns gaúchos) e Santa Catarina.

– De alguma forma o governo terá de escoar esse produto – afirma Marco Aurélio Tavares, vice-presidente da Área de Mercado da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

No entanto, o analista da Safras & Mercado, Tiago Barata, diz que a forma como este produto voltar ao mercado pode impactar nos preços.

– O setor ainda está vivendo o problema de excesso de produção da safra 2004/05 – afirma Barata.

Cerca de 1 milhão de toneladas que estão com o governo são de safras anteriores à 2006/07.

Paulo Morceli, superintendente de Gestão de Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), diz que em princípio uma venda está descartada e que o governo está estudando uma forma de escoar o estoque.

– Estamos sem mobilidade – admite.

Uma das propostas levantadas era que fosse subvencionado o escoamento por meio de um mecanismo denominado VEP. Outra, apontada pelos arrozeiros gaúchos, é que as opções que ainda vão ser exercidas sejam transferidas para terceiros – ou seja, as indústrias comprem estes papéis e recebam o produto.

– Ou o preço do produto suba, desestimulando a entrega ao governo – argumenta Tavares.

Atualmente, o arroz é comercializado no Rio Grande do Sul a R$ 23 a saca (50 quilos), enquanto as opções pagam quase R$ 26 a saca.

Além de não saber o que fazer com tanto produto em suas mãos, o governo tem outro problema: não sabe o que existe de fato de arroz no País. O quadro de suprimentos da Conab aponta para um estoque final da safra 2006/07 de 500 mil toneladas, o que indicaria que até fevereiro do ano que vem fosse vendido o grão oficial. No entanto, a própria instituição admite que número está errado.

Morceli explica que a Conab vai aguardar o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para descobrir se em estimativas anteriores houve erros na projeção da oferta ou na de consumo. Para Tavares, o mercado é que vai dizer ao longo dos próximos meses, até a colheita se os números estão errado ou não.

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