Busca de alternativas para escoar estoques excedentes no RS

O vencimento de compromissos de custeio alongados e de EGFs também ajudou a elevar a oferta em outubro e novembro.

Segundo o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), o governo aceitou cancelar o leilão de Valor de Escoamento de Produto (VEP) de 150 mil toneladas de arroz depositadas no Rio Grande do Sul. O prêmio seria oferecido para escoar o cereal para a Região Norte. A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) pediu ao governo o cancelamento da operação, argumentando que ela representaria risco à formação de preço no mercado interno.

O leilão tinha sido definido em reunião da cadeia produtiva com a Conab no dia 6 de novembro com dois objetivos: reduzir o estoque que está concentrado no Rio Grande do Sul e melhorar as condições de abastecimento dos Estados da Região Norte. De acordo com Heinze, não houve entendimento entre a iniciativa privada em relação aos prazos para comprovação e embarque do cereal. O setor produtivo defendia mecanismos que assegurassem o escoamento do arroz para outros mercados, além da Região Norte.

A forma como o governo estava propondo poderia comprometer ainda mais o mercado, por isso os dirigentes optaram pela não realização do pregão, segundo o deputado.

A questão motivou diferentes entendimentos entre representantes da cadeia produtiva nos últimos dias, mas prevaleceu a avaliação da Federarroz de que a operação representaria risco ao mercado interno. Não havia travas para garantir o sucesso do escoamento, segundo o assessor técnico do Instituto Riograndense do Arroz, Marco Aurélio Tavares. Com o cancelamento, o setor analisa outras alternativas para reduzir o estoque de arroz no Estado.

Uma delas poderia ser a exportação para programas humanitários. Também foi citada a remoção parcial de estoques do Rio Grande do Sul ou a indicação antecipada de mecanismos de apoio à comercialização da safra 2007/2008. Segundo a Federarroz, o cancelamento do leilão já teria motivado o retorno dos compradores ao mercado.

Para o assessor técnico do Instituto Riograndense do Arroz, Marco Aurélio Tavares, a postura do produtor será fundamental nos próximos 90 dias de entressafra para garantir a tranqüilidade do mercado. Com o estoque final apertado (segundo ele), baixa oferta de produto em alguns Estados beneficiadores e estoques limitados do Mercosul, o preço deverá se recuperar em dezembro ou, no máximo, em janeiro, segundo Marco Aurélio Tavares.

O vencimento de compromissos de custeio alongados e de EGFs também ajudou a elevar a oferta em outubro e novembro, segundo ele. Embora o cenário indicasse o oposto para o segundo semestre, o preço está igual ao de quatro meses atrás, segundo Tavares. Há muita especulação no mercado atualmente.

Na análise do consultor Carlos Cogo, o cenário, na verdade, não indicava o oposto para o segundo semestre. A não ser para quem não compreendeu o tamanho do equívoco ocasionado pelos erros no quadro de Oferta e Demanda de Arroz da Conab, estimando estoques finais da safra 2006/2007 em pouco mais de 500 mil toneladas, enquanto a Conab dispõe estoques de 1,4 milhão de toneladas.

– O segundo semestre não poderia ser diferente do que está sendo: preços em queda, estoques acima dos estimados pela Conab, dólar fraco, exportações fracas, importações atrativas e queda dos preços após o represamento da oferta possibilitado pela disponibilidade de instrumentos de sustentação à comercialização por parte do Ministério da Agricultura, conclui Cogo.

Com informações de Carlos Cogo Consultoria

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