Um, dois, feijão com arroz

Juntos, eles formam uma proteína que faz toda a diferença para a sua saúde. A dupla também ajuda a equilibrar os níveis de glicose no sangue e é aliada da saúde bucal, segundo um novíssimo estudo
por Regina Célia Pereira/Saúde Abril.

Como em um casamento feliz, a química aqui é perfeita. Mais do que uma saborosa parceria, o encontro do arroz com o feijão assegura um invejável arranjo de nutrientes. O que falta em um, o outro fornece e, assim, se completam. Unidos, oferecem uma excelente combinação protéica, conta a nutricionista Norka Beatriz Barrueto, professora da Universidade Estadual Paulista, a Unesp.

Os grãos de arroz contêm metionina, e os feijões, lisina. Esses nomes esquisitos são pedacinhos de proteína ou, na linguagem dos especialistas, aminoácidos. Quando estão juntos, são muito mais eficientes na reparação de tecidos do organismo inteiro. Tal performance é rara de ver entre os vegetais. Geralmente são alimentos de origem animal, como as carnes, que apresentam esse perfil protéico, diz a cientista de alimentos Priscila Zaczuk Bassinello, da Embrapa Arroz e Feijão, que fica em Santo Antônio de Goiás. A dica é botar no prato uma concha de feijão para meia escumadeira de arroz. Essa é a proporção precisa, do ponto de vista químico.

A união também equilibra o índice glicêmico. Enquanto o arroz sozinho, principalmente o polido, pode disparar as taxas de açúcar e insulina na circulação, o feijão tem o poder de brecar esse efeito, o que mantém a glicose estabilizada. A mistura é, portanto, bem-vinda para manter a glicemia em níveis adequados e diminuir o risco do diabete. Sem falar que, por não mandar o açúcar às alturas de uma hora para outra, proporciona saciedade.

Outro fruto da parceria, e que talvez seja o mais inusitado, foi descoberto na Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, no interior de São Paulo, mais precisamente da Faculdade de odontologia, que fica em Piracicaba, outra cidade paulista. Lá, cientistas dosaram a retenção de flúor no arroz e no feijão preparados em casa e observaram que eles seguram excelentes teores do mineral após o cozimento. Segundo o dentista Jaime Cury, líder da pesquisa, um bom prato de arroz e feijão aumenta a concentração da substância na saliva, o que diminui a desmineralização dos dentes e protege contra as cáries.

NO DIA-A-DIA

A dupla ainda é preferência nacional, mas houve queda no consumo.Muitos alegam a falta de tempo para cozinhar. Uma saída prática e que não provoca a perda de nutrientes é o congelamento. Outro motivo para a diminuição da presença do arroz e do feijão à mesa é o medo de engordar. O melhor, no caso, é evitar o excesso de óleo durante o preparo, diz a nutricionista e professora de gastronomia Maria Cecília Corsi, na capital paulista. Abusar de temperos como a cebolinha, o alho e a pimenta deixa tudo mais aromático e colabora para a redução de gordura e sal. Aliás, estudos mostram que, na cozinha brasileira, as pitadas de sódio vão além da conta no cozimento de ambos.

A COMBINAÇÃO

FEIJÃO

Esta leguminosa é uma excelente fonte de aminoácidos essenciais, ou seja, partículas protéicas que não são produzidas no nosso organismo. Destaca-se a quantidade de lisina.

+ ARROZ

O cereal fornece diversos pedacinhos de proteínas fundamentais para a composição de músculos, unhas e cabelos. Uma das mais abundantes é a metionina.

= RESULTADO:

A união do arroz com feijão garante o fornecimento de minoácidos de qualidade. A carência protéica de um é suprida pelos bons teores do outro e vice-versa. Daí que, juntos, eles não deixam nada a desejar na comparação com as carnes, que em geral são as melhores fontes de proteínas.

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