Décadas de decisões ruins geraram crise dos alimentos, diz FAO

A ONU (Organização das nações Unidas) alertou que milhões de pessoas são ameaçadas pela fome no mundo, mas o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, disse que há soluções.

Decisões políticas fracas ao longo de duas décadas ajudaram a originar e agravar a atual crise dos alimentos, com a falta de produtos e alta dos preços, e agora os esforços devem ser direcionados às colheitas de 2008, afirmou nesta quarta-feira o diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).

A ONU (Organização das nações Unidas) alertou que milhões de pessoas são ameaçadas pela fome no mundo, mas o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, disse que há soluções.

– Não trata-se de uma tragédia grega, na qual o destino é decidido pelos deuses e os humanos não podem fazer nada. Nós temos a habilidade de influenciar nosso futuro – disse Diouf em uma entrevista coletiva de imprensa.

– É bom que as instituições internacionais ajudem os pobres a ter acesso à comida, mas, do nosso lado, precisamos lutar a batalha mais importante dos dias atuais, que é garantir que a temporada de colheitas de 2008 seja um sucesso – afirmou.

Segundo ele, entre os fatores responsáveis pela alta dos preços estão o crescimento da demanda de países como a China, o uso das safras para a produção de biocombustíveis, a especulação do mercado e a queda nos preços das ações.

Isso tudo junto teria provocado os recordes de preços de produtos como trigo, milho e arroz. Também foi o que tonou a comida escassa nos países africanos, na Indonésia e Haiti, além de 37 nações que correm o risco de desabastecimento, afirmou Diouf, que ressaltou que a ONU tem feito alertas para o problema.

Generosos subsídios agrícolas em países desenvolvidos também desencorajaram a agricultura em nações em desenvolvimento, agravando a situação, segundo ele.

– Acima de tudo, porém, não investimos no gerenciamento dos recursos hídricos em diferentes países do terceiro mundo. Na África, somente 7% da terra é arável – disse Diouf.

A FAO prevê um aumento de 2,6% na produção de cereais neste ano. Diouf, porém, afirma que este número poderia aumentar de forma significativa nos próximos anos caso as grandes nações invistam em agricultura e auxílios agrícolas.

– Nós temos falta de duas coisas: políticas e recursos. Eu espero que a crise atual nos dê tanto políticas quanto recursos.

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