Segundo semestre deverá ser favorável aos produtores de arroz
Mesmo com um aumento de 6% na produção brasileira, o cenário se mostra favorável aos arrozeiros gaúchos.
O preço do arroz deverá se manter valorizado no segundo semestre deste ano com um quadro de oferta e demanda extremamente ajustado. Em palestra na 15ª Fenarroz, nesta quarta-feira (28), em Cachoeira do Sul, o analista de mercado do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Camilo Oliveira, afirmou que um dos motivos é a redução de 36% nos estoques de passagem da safra 2007/08 em relação à 2006/07. Mesmo com um aumento de 6% na produção brasileira, o cenário se mostra favorável aos arrozeiros gaúchos.
O aumento mundial da população e a estagnação da produção de arroz foram dois fatores fundamentais para a disparada dos preços no mercado internacional e que também atingiu o Brasil.
Estima-se que nos próximos 40 anos, o número de habitantes no mundo aumente em 2,8 bilhões de pessoas. Para manter o abastecimento, serão necessárias mais 263 milhões de toneladas. A China, por exemplo, em vez de aumentar a produção, tem apresentado uma migração de produtores de arroz para soja e milho.
A partir de 2000, o consumo superou a produção mundial. As projeções atuais indicam que o consumo de arroz neste ano atingirá 625 milhões de toneladas para uma produção de 623,7 milhões de toneladas.
– O que ainda abastece o mundo são os estoques de safras passadas, que estão diminuindo rapidamente – diz Oliveira, ressaltando que em 1998 os estoques representavam 197 milhões de toneladas e que irão passar para 106 milhões em 2008.
O crescimento da demanda mundial por cultivos destinados a múltiplos usos alimento e biocombustível – principalmente milho e soja, explicam tal cenário.
– A melhoria da renda mundial, principalmente nos países mais populosos, resulta em aumento da demanda por carnes e conseqüente valorização das commodities destinadas à alimentação animal, como soja e milho – explica.
Conforme Oliveira, os países Centro-Americanos estão substituindo o arroz e outros produtos tradicionais, por cana-de-açúcar e palma, por exemplo.
O quadro de oferta e demanda ajustado e o melhor primeiro semestre para as exportações de arroz na história podem garantir um cenário favorável aos produtores no segundo semestre.
– Mas é necessário considerar que o governo federal ainda dispõe de mais de 1 milhão de toneladas em estoques e que poderá leiloar o produto para controlar a inflação – afirma Oliveira, finalizando que o governo não tem estoques grandes de outras commodities.