Cooperativas têm menos arroz que o estimado pelo governo

O governo afirma que 7 milhões de toneladas estão com estes agentes.

As cooperativas do Rio Grande do Sul não têm o volume de arroz previsto pelo governo. Pelas estimativas da Federação das Cooperativas de Arroz do Estado (Fearroz), apenas 20% da safra gaúcha está nas mãos do setor. O governo afirma que 7 milhões de toneladas estão com estes agentes.

Amanhã, a cadeia produtiva e o governo estarão reunidos para discutir a continuidade ou não da intervenção estatal. Na última sexta-feira, o diretor de Gestão de Estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rogério Colombini Moura Duarte, afirmou que as cooperativas estariam manipulando o mercado e que o governo não deixaria o preço pressionar a inflação.

Na ocasião, afirmou que as cooperativas tinham 7 milhões de toneladas armazenadas da safra atual – cuja colheita começou em março e foi encerrada esta semana.

O volume é praticamente tudo o que o estado produziu: 7,4 milhões de toneladas, segundo o Instituto Riograndense do Arroz (Irga).

Procurada novamente ontem, para que mostrasse os números por cooperativa, a estatal afirmou que está finalizando o levantamento de estoques privados de arroz, que será divulgado no dia 9, junto com a nova estimativa de safra. O Irga também está fazendo um levantamento da comercialização da safra, a ser apresentado ao governo.

– Certamente não tem isso com as cooperativas. Juntando tudo, produtor, indústria, não tem este volume – acredita o consultor Carlos Cogo, da Cogo Consultoria Agroeconômica.

Ele lembra que as cooperativas nem sequer têm esta capacidade de estocagem.

– Se a cooperativa ou arroz está com todo esse arroz, a culpa é do governo, que deu EGF – afirma o analista Élcio Bento, da Safras & Mercado.

No início da colheita, foram ofertados R$ 450 milhões de Empréstimos do Governo Federal (EGF), justamente para a estocagem e escalonamento da venda.

O vice-presidente da Fearroz, Antonino Souza Dorneles, afirma que as cooperativas respondem por 20% da produção gaúcha e que parte da safra já foi comercializada. “O produtor está sempre precisando vender alguma coisa, não tem como manipular”.

Procuradas, algumas das principais cooperativas do estado afirmaram que seus associados já comercializaram até 40%. Na Cooperativa Rízicola Pitangueiras Ltda (Coripil), em Capivari do Sul, estão depositadas 300 mil toneladas, volume considerado “normal” para a ocasião.

Na Cooperativa Agrícola de Rio Pardo (Coparroz) estão depositadas 350 mil toneladas e o volume só não é maior porque parte dos armazéns está com estoques públicos. A estimativa é que 40% da safra dos cooperados tenha sido vendida.

Na Cooperativa Tritícola Sepeense Ltda (Cotrisel) são 80 mil toneladas depositadas, de 150 mil toneladas esperadas. A estimativa é que 45% do volume armazenado tenha sido vendido. Os valores estão em linha com os de 2007. O diretor-financeiro da Cotrisel, Pedro Milton de Franceschi, lembra que muitos produtores têm armazenagem própria.

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