Chuva insuficiente ameaça arroz

Se a lavoura precisasse ser cultivada hoje não haveria água suficiente para os cerca de 1 milhão de hectares que o estado planta com o cereal.

Os preços altos do arroz – pela primeira vez em quatro anos acima do custo de produção – podem não ser suficientes para estimular o aumento do plantio no Rio Grande do Sul, maior produtor nacional do grão. Isso porque parte da região produtora do estado está com déficit hídrico.

Se a lavoura precisasse ser cultivada hoje não haveria água suficiente para os cerca de 1 milhão de hectares que o estado planta com o cereal. Mas, de acordo com meteorologistas, a tendência é que, a partir de agora, ocorram mais chuvas e, pelo menos em parte, as barragens da região sejam recuperadas. Para as demais lavouras de verão, na média brasileira, a estimativa é que o clima seja favorável ao plantio, sem atraso das chuvas.

Segundo dados da Somar Meterologia, de março – quando a lavoura foi colhida – até hoje parte das regiões denominadas Fronteira Oeste e Campanha acumulam déficit de cerca de 200 milímetros em relação à média para o período. Nas demais regiões do estado, o déficit é de 100 milímetros ou existe até sobra.

Em Uruguaiana, no Oeste do estado, a estimativa, segundo o produtor Fábio Machado, é que o reservatório de água seja suficiente para 55% a 60% da lavoura.

– Na última safra, plantamos 100% da área e, com isso, usamos toda a água disponível. Por isso, agora, está todo mundo de alerta. Mas ainda tempos quatro meses de esperança – diz.

Em Bagé, na região da Campanha, o arrozeiro Taschetto, diz que a água hoje disponível é suficiente apenas para 15% da área.

– A situação está feíssima. Eu não tenho água para nada – afirma.

Ele esperava voltar 100% de sua área, pois nos últimos anos, por causa dos preços, não chegava nem à metade.

– Vou ter de esperar para decidir o que fazer.

– Daqui para frente a situação fica mais favorável, pois diminui o efeito do fenômeno La Niña – afirma Paulo Etchitchury, da Somar Meterologia.

Segundo ele, o cenário é de chuvas mais freqüentes. André Madeira, da ClimaTempo, afirma que apenas em agosto as chuvas ficarão abaixo da média no estado.

– A recuperação das barragens será gradual. Talvez algumas regiões do estado ainda precisem das chuvas da primavera para que as barragens estejam cheias – avalia Etchitchurry.

O meteorologista lembra, no entanto que, sem La Niña, acaba o risco de atraso do início das chuvas nas demais regiões produtoras de grãos do País. Segundo ele, apenas o Norte de Minas Gerais, a Bahia e o Espírito Santo ainda podem começar “a estação das chuvas” com déficit hídrico nos solos.

Exportação

No final de semana, pela primeira vez, a unidade da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) , em Porto Alegre, embarcou arroz para o exterior. Um carregamento de 4 mil toneladas do cereal foi para o Porto de Rio Grande, onde será enviado para a África. O arroz parboilizado, tipo 1, é oriundo de engenhos do Sul de Santa Catarina e do interior gaúcho.

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