Produção gaúcha não aumenta por falta de água

Déficit hídrico na Metade Sul gaúcha frustra safras de verão e impede melhores resultados da produção agrícola, segundo conclusões do Seminário Lavoura em Evolução.

O déficit hídrico na Metade Sul gaúcha, principalmente nas regiões da Campanha e Fronteira-Oeste é um dos grandes responsáveis pela frustração das safras de verão das culturas de sequeiro, como soja e milho.

– O Rio Grande do Sul perde o equivalente a uma safra em cada cinco – revelou o secretário estadual da Irrigação, Rogério Porto, na palestra que abriu o seminário Lavoura em Evolução, em Dom Pedrito, nesta sexta-feira e deu o tom das discussões para programação.

– Há perdas que se equivalem ao sertão nordestino – reconheceu.

O engenheiro agrônomo Dirceu Gassen, da Cooplantio, palestrando sobre as culturas de sequeiro, também abordou o assunto. Segundo ele, tanto nos anos que eram esperadas estiagens, quanto nos anos neutros, a Metade Sul gaúcha perdeu de 55% a 70% das safras de soja

– Para esta região, o normal é não chover nos níveis adequados – afirmou.

O presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria, Júlio Vasconcelos, disse que estas posições confirmam que embora o agricultor da Metade Sul invista tanto quanto um de Cruz Alta ou Passo Fundo, a falta de chuvas implica num prejuízo equivalente a, pelo menos, 15 sacas de soja.

– O déficit é de 150 a 180 milímetros de chuva.

Rogério Porto, Júlio Vasconcelos e as lideranças de Dom Pedrito defendem a realização de investimentos para reservar água das chuvas do inverno e a construção de barragens para assegurar o desenvolvimento e a diversificação agrícola, o aumento da produção e o fortalecimento da região. Segundo Porto, 12 barragens estão projetadas na bacia do rio Santa Maria, das quais duas devem ser licitadas ainda este ano: Taquarembó (Dom Pedrito) e Jaguari (Rosário do Sul).

Em Dom Pedrito, a lavoura de arroz irrigado representa 8% do território e 65% do PIB. É a única cultura com garantia de produção na região. A construção das barragens gerar de até 8 mil empregos a longo prazo, segundo dados dos projetos. Gassen destacou que os produtores da Metade Sul precisam pensar as culturas com os cuidados necessários para uma situação de estiagem, procurando variedades e manejo mais adequado a este cenário.

Os recursos hídricos também estiveram presentes nas palestras da pesquisadora do Irga, Vera Macedo, que reafirmou o resultado de pesquisas que mostram que a lavoura de arroz filtra as impurezas da água, voltando mais limpa para os mananciais, e do pesquisador da Embrapa, Algenor Gomes, que apresentou dados sobre a alta produtividade de arroz com irrigação em menor volume.

O especialista em Pós-Colheita da UFPel, Moacir Cardoso Elias, revelou que a armazenagem na propriedade ainda é muito baixa no Brasil, em torno de 9% da produção. Segundo ele, a lavoura arrozeira detém uma das maiores concentrações, mas pode evoluir significativamente. Segundo ele, se os produtores não investirem em armazenagem, não haverá equilíbrio de preços.

O presidente da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito, que promove o Lavoura em Evolução, Ricardinho Pilecco, considerou que o evento atingiu seus objetivos, com a presença de mais de 350 produtores nas palestras do primeiro dia. O seminário prossegue neste sábado, com palestras sobre Gestão de Pessoas na Lavoura, Alternativas de Diversificação (Silvicultura) e Perspectivas e Tendências da Climatologia. O evento acontece no Clube Comercial.

JANTAR – Na noite desta sexta-feira, a Associação dos Agricultores de Dom Pedrito com o apoio da Federarroz realizou o Jantar do Arroz, evento que reuniu 500 pessoas no Country Club. O evento teve palestra da nutricionista Ana Laura Guimarães, que abordou o tema “Arroz para dieta não é arroz para atleta”. No jantar foram servidos pratos a base de arroz.

Realização: Associação dos Agricultores de Dom Pedrito/RS
Informações: (53) 3243 3256 (53) 3243 2562
E-mail: assagri@terra.com.br

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