Arroz atinge preços recordes no RS

O analista de mercados do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Camilo Oliveira, diz que o desestímulo ocorrido em outros estados, especialmente no Centro-Oeste – pela baixa dos preços nos últimos três anos – reduziu a produção e aumentou a demanda pelo arroz gaúcho.

A cotação do arroz gaúcho chegou na semana passada aos valores mais altos do ano: R$ 35,59 na sexta-feira, fechando na segunda-feira em R$ 35,70, aumento superior a 6% em poucos dias. Os motivos para a alta repentina do produto, cujos preços vinham se mantendo na faixa de R$ 33,50 desde maio, estão relacionados à redução do plantio no País.

O analista de mercados do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Camilo Oliveira, diz que o desestímulo ocorrido em outros estados, especialmente no Centro-Oeste – pela baixa dos preços nos últimos três anos – reduziu a produção e aumentou a demanda pelo arroz gaúcho.

– Muitos produtores do Centro-Oeste migraram para outras culturas e agora buscam o arroz aqui, o que colabora pra baixar os estoques – explica o especialista.

Soma-se a isso o fato de que o Brasil começa a ingressar no período de entressafra ao mesmo tempo em que países tradicionalmente exportadores para o Brasil, como Argentina e Uruguai, têm optado por negociar a produção para outros mercados mais pagadores.

– A cotação do arroz em dólar caiu 10% em setembro. Isso significa que está mais fácil exportar arroz e mais difícil para os outros países colocarem o seu produto no Brasil – explica Oliveira.

Frente a esse cenário, o analista afirma que ainda não se pode falar em desabastecimento, apenas em “estoques sem muita folga.”

A reação da indústria à elevação dos preços foi imediata, com a necessidade de repasse dos preços aos consumidores. O reajuste médio de até 10% deve ser sentido no varejo já na próxima semana.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz (Sindiarroz), Hélio Coradini, credita o aumento dos preços à retenção de arroz por parte dos produtores, que aguardam melhor momento para colocar o produto no mercado.

– A previsão de problemas climáticos em outros países, o que poderá ampliar as exportações, é uma expectativa dos produtores – argumenta Coradini.

O analista de mercado do Irga discorda, e diz que os produtores não estão retendo o produto, apenas têm feito boas vendas desde maio.

– Agora eles estão sem pressa para vender, apenas isso – argumenta Oliveira.

Para tentar frear o aumento de preços ao consumidor, fator que pode redundar em elevação dos índices inflacionários, o governo federal decidiu aumentar o número de leilões, mas na opinião do Irga, mesmo assim os preços devem se manter na faixa dos R$ 35,00.

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