Entrada mais firme do governo no mercado do arroz estanca preços

Para o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, esta leve retração mostrou que o ingresso mais firme do governo no mercado conseguiu estancar a recente valorização.

O mercado brasileiro de arroz encerrou a quarta semana com preços mais acomodados, quando comparados ao fechamento da anterior. No mercado gaúcho, a média da saca de 50 quilos do grão em casca, à vista, ficou em R$ 34,73, contra R$ 34,87 da passada (-0,4%).

Para o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, esta leve retração mostrou que o ingresso mais firme do governo no mercado conseguiu estancar a recente valorização.

– Porém, é pouco provável que consigam dar início a uma retração dos valores praticados no mercado privado – acredita.

Esta percepção tem como base o quadro de oferta e demanda ajustado e a recente valorização do dólar frente ao real no Brasil.

Se confirmada a doação de 100 mil toneladas para o Haiti, o estoque final de arroz no Brasil será próximo a 935 mil toneladas, suficiente para o consumo nacional de apenas 26 dias. O total de estoques públicos neste momento está em 950 mil toneladas.

– Sendo ofertadas 100 mil toneladas mensais, até fevereiro restariam 450 mil toneladas – projeta.

Isso mostra que o governo tem uma quantidade relativamente tranqüila em seus estoques.

– No entanto, quanto maior a utilização, menor fica o poder de fogo para segurar as cotações e os vendedores terão mais força para atuar na formação de preços – completa.

No penúltimo leilão, o preço médio ficou acima de R$ 35,00 por saca, o que levou os agentes privados a se ajustarem. Na venda desta semana (23), foram comercializadas 57,8 mil toneladas de arroz para Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com média de R$ 33,72. Foram colocadas à venda cerca de 60 mil toneladas e o preço voltou a ficar na média das operações realizadas pelo governo federal desde maio. Com isso, as indústrias voltaram a balizar as demais aquisições pelos preços praticados no leilão.

A demanda mensal de arroz no Brasil é superior a 1 milhão de toneladas. Porém, apesar das vendas públicas atenderem apenas 10% desta procura, elas acabam servindo de referência para o mercado.

A tendência é que a atuação governamental reduza a intensidade da elevação esperada para as cotações neste ano comercial.

– Mesmo assim, o viés para o restante deste ano comercial ainda é de alta – lembra o analista.

As principais variáveis a serem verificadas são: o comportamento cambial e o volume de vendas externas, que podem potencializar ou minimizar esta tendência.

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