Tendência de alta dos preços do arroz em casca
Restaria ao governo: queimar todo o saldo de estoques públicos (suicídio); zerar a TEC (sem efeito prático nenhum); deixar o mercado se auto-regular (ruim para o governo no curto prazo, mas melhor no médio e longo prazo.
Mesmo com o aumento da oferta dos leilões pela Conab, numa tentativa ineficaz de barrar as altas dos preços do arroz em casca, a tendência é de altas mais intensas nas próximas semanas. Já são reportados negócios pontuais e diferenciados entre R$ 38,00 por saco de 50 kg a até mais de R$ 40,00 por saco de 50 kg, nos Estados do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, dependendo do prazo e da qualidade.
Desde o pico atingido em maio, de R$ 35,32 por saco de 50 Kg, até recuar para o nível mais baixo em de R$ 32,11 por saco de 50 Kg na segunda quinzena de junho, o preço voltou a acumular um avanço de R$ 3,85 por saco de 50 Kg (+11,99%), subindo para a média atual de R$ 35,96 por saco de 50 Kg. No Rio Grande do Sul, a média atual do preço do arroz em casca ao produtor (R$ 35,96 por saco de 50 Kg), já subiu da média de R$ 32,18 por saco de 50 Kg na primeira semana de agosto e de R$ 35,32 por saco de 50 Kg na segunda quinzena de maio (até então a maior média deste ano-safra 2007/2008).
No Estado, a cotação do arroz em casca, ao produtor, em média, acumula uma alta de 54,9% nos últimos 12 meses, de 0,8% em uma semana, de 6,0% nos últimos 30 dias e de 67,8% no ano-safra 2007/2008 (03/03/2008 a 06/10/2008).
Com preços entre R$ 38,00 e R$ 46,00 por saca de 60 Kg nos Estados do Centro-Norte do país, a tendência é de um crescimento nas compras de arroz em casca e beneficiado de produto do Rio Grande do Sul por parte de outros Estados desabastecidos. As indústrias terão a necessidade imediata de repassar os preços em alta ao varejo, uma missão mais complicada.
A favor da tendência de alta dos preços: dólar em alta dificultando importações e beneficiando exportações do Brasil, produtores que ainda detêm estoques mais capitalizados e retraídos nas vendas, baixos estoques nos beneficiadores e no varejo, estoques públicos em queda e reduzidos estoques de passagem para a próxima safra 2008/2009. O dólar comercial fechou com alta de 7,53% nesta segunda-feira. Ao término dos negócios, a divisa norte-americana ficou comercializada a R$ 2,198 a compra e a R$ 2,200 na ponta vendedora.
Restaria ao governo: queimar todo o saldo de estoques públicos (suicídio); zerar a TEC (sem efeito prático nenhum); deixar o mercado se auto-regular (ruim para o governo no curto prazo, mas melhor no médio e longo prazo). Apesar dos pedidos dos arrozeiros para que os leilões da Conab fossem quinzenais, o próximo leilão está confirmado para essa quarta-feira (08/10), menos de dez dias após a realização da última oferta da Estatal.
Serão ofertadas 44.069 toneladas depositadas no Rio Grande do Sul e outras 5.998 toneladas depositadas em Santa Catarina. Essa oferta não está dentro do que foi acordado com o setor produtivo, mas o que, a princípio, fere mais o produtor que ainda possui estoques, na verdade será mais prejudicial ao governo que verá seus estoques recuando mais rapidamente e ainda sem conseguir derrubar os preços de mercado para o nível que o mesmo deseja.
A meta do governo federal é manter os preços próximos de R$ 32,00 por saco de 50 Kg. Meta meramente impossível e que deveria ser abandonada. O superintendente da Conab no Rio Grande do Sul, Carlos Farias, admite que o arroz em estoques poderá ser insuficiente para a entressafra 2007/2008.
Na avaliação dele, por enquanto, os leilões estão na quantidade necessária tanto em termos de volume quanto de freqüência. A Conab deveria rever as ofertas em leilões nos próximos meses, se está pensando em intervir no mercado em 2009.