Orizicultores apostam em saca a R$ 33,00
A expectativa de produção para este ano fica entre 7,5 milhões de toneladas e 8 milhões de toneladas no Estado.
Mesmo com a perspectiva de safra cheia – estima-se que a produção no Rio Grande do Sul alcance até 8 milhões de toneladas, – os orizicultores gaúchos mantêm otimismo em relação aos preços do cereal. A perspectiva é que o valor pago pela saca permaneça acima dos R$ 30,00, mas o objetivo é de alcançar o valor acima de R$ 33,00, hoje o preço de custo. Nesta quinta-feira, no primeiro dia da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Cachoeirinha, o presidente do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Miguel Fischer, informou que os custos de produção subiram nesta safra, mas espera que o preço de venda compense os gastos.
No ano passado, o custo da saca foi de R$ 26,00.
– Neste ano, tivemos aumento no preço do adubo e o valor dos combustíveis não baixou, ao contrário do que ocorreu no resto da América Latina. Isso tudo, aliado à alta do dólar, aumentou os custos de produção – afirma Fischer, que, durante o evento, participou da reunião dos integrantes do Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (Flar), que debateu aspectos científicos da produção do cereal.
A expectativa de produção para este ano fica entre 7,5 milhões de toneladas e 8 milhões de toneladas no Estado. Na safra anterior, foram contabilizadas 7,5 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul é o principal produtor brasileiro de arroz, com 62% da produção nacional.
– Neste ano tivemos alguns problemas climáticos em regiões isoladas, mas no geral o clima tem sido bastante razoável – diz Fischer.
As exportações gaúchas deverão repetir a proporção alcançada no ano passado, quando foram embarcados 10% da produção. Alguns fatores poderão inclusive ampliar este percentual: as dificuldades do mercado interno da Venezuela poderão possibilitar mais vendas àquele país. Ao mesmo tempo, a alta no preço internacional do trigo e problemas de produção na China poderão estimular a migração de mais consumidores ao arroz, ampliando o seu preço internacional.
– O cenário pode ser positivo, embora ninguém tenha certeza do que se pode esperar com a crise – pondera Fischer.
Quanto às importações, a quebra da safra na Argentina e no Uruguai poderá reduzir a entrada do arroz latino-americano no Brasil. No entanto, os preços baixos destes produtos, devido à proteção cambial e às isenções tributárias para exportação, preocupam os produtores gaúchos, assim como os produtos subsidiados pelos Estados Unidos, que seguram o preço no mercado interno.
A expectativa do setor é de que 800 mil toneladas de arroz latino-americano entrem no País neste ano.
– Por outro lado, o preço não está tão atraente no Brasil quanto no mercado internacional, e isso poderá segurar as importações – diz Fischer.
Balcão de Negócios inicia discussão sobre a comercialização do cereal
Realizado pela terceira vez em uma Abertura da Colheita, o Balcão de Negócios, coordenado pelo Irga e Federarroz, reuniu, nesta quinta-feira, dirigentes das principais instituições que disponibilizam modalidades de crédito rural. O objetivo da reunião foi orientar os produtores sobre mecanismos de sustentação de preços, além de recursos para comercialização da safra.
No encontro, o presidente do Irga, Maurício Fischer, e o presidente da Federarroz, Renato Rocha, estiveram reunidos com o gerente de mercado do Banco do Brasil, José Kockhhan Sobrinho, o diretor da Novel Commodities, Júlio Tonidandel, o diretor Comercial da Cesa, Luiz Carlos Hackbart e o gerente de Alimentos Básicos da Conab, Paulo Morceli.
De acordo com o mediador do Balcão de Negócios e vice-presidente de Mercado da Federarroz, Marco Aurélio Tavares, a reunião, além de possibilitar às instituições financeiras a divulgação de seus portfólios de produtos – como o EGF do Banco do Brasil -, reforçou a importância dos investimentos que estão sendo realizados em logística nas exportações de arroz do Estado.
Kochhan destacou as ações do Banco do Brasil referentes ao custeio e comercialização da safra, informando que os recursos disponibilizados ao setor já ultrapassam a casa de R$ 1 bilhão (montante que inclui os R$ 500 milhões liberados através de EGF).
– As liberações seguem a mesma dinâmica do ano passado, mas falta um pouco de musculatura para atender tudo ao mesmo tempo – observou o gerente.
No âmbito do mercado internacional, Tonidandel, da Novel Commodities, estimou que o Brasil exportará 250 mil toneladas de arroz em 2009, sendo 150 mil toneladas de beneficiado e 100 mil toneladas em casca. Para 2010, a previsão é de que este volume chegue a 350 mil toneladas. Ele reforçou a necessidade de investimentos em infraestrutura para exportação e, sobretudo, inserir definitivamente o arroz em casca na pauta das vendas externas.
O diretor da Cesa, Luiz Carlos Hackbart, destacou os investimentos realizados no porto do Rio Grande – R$ 700 mil já investidos, além de mais R$ 600 mil em equipamentos -, lembrando que os terminais da Cesa atendem tanto ao mercado externo quanto ao interno. O diretor comercial do Irga, Rubens Silveira, complementou a apresentação enfatizando a importância de consolidar os mercados já conquistados pelo arroz brasileiro. Para Silveira, as exportações representam também uma ferramenta poderosa para a negociação de preços no mercado interno.
Encerrando a primeira rodada de discussões o próximo Balcão de Negócios acontecerá neste sábado -, o gerente de Alimentos Básicos da Conab, Paulo Morceli, destacou a importância de uma política agrícola para o arroz como forma de minimizar o sobe e desce nos preços do grão. Morceli também explicou o funcionamento dos mecanismos como AGF, PEP, Pepro e PROP, mas defendeu a mínima interferência do governo no mercado.
Na reunião de sábado, as instituições financeiras, além do Ministério da Agricultura e da Conab, vão discutir o Plano de Comercialização para a safra de arroz 2008/2009.