Entrada da safra e demanda retraída pesam no preço
Com a perspectiva de entrada de mais de 50% da safra nacional, estimada em 12,22 milhões de toneladas, a indústria esta comprando apenas para atender necessidades imediatas.
O mercado gaúcho de arroz encerrou a primeira semana do mês de março com a saca de 50 quilos cotada a uma média de R$ 29,50. O recuo em relação ao mesmo período do mês de fevereiro é de 9,12%.
– Isto é resultado da entrada da safra nova, somado a um maior volume de importações, que encontraram uma demanda retraída – comenta o analista de SAFRAS & Mercado. Élcio Bento.
Com a perspectiva de entrada de mais de 50% da safra nacional, estimada em 12,22 milhões de toneladas, a indústria esta comprando apenas para atender necessidades imediatas.
– No entanto, é interessante notar que a retração das cotações vem perdendo força – ressalta.
De 6 a 27 de fevereiro, a média da saca do arroz em casca no mercado gaúcho recuou 8,4%, o que corresponde a R$ 2,72. Nos primeiros dias de março, a queda foi de apenas 0,8%. Segundo Bento, este comportamento refletiu a expectativa dos produtores em relação aos anúncios do governo federal sobre mecanismos de auxílio à comercialização.
Apesar de uma safra levemente superior à anterior, o analista espera que os baixos estoques de passagem (tanto públicos, quanto privados) obrigarão um maior volume de importações.
– A percepção é que o ano comercial iniciado neste mês de março será ainda mais ajustado, em termos de oferta e demanda, quando comparado à temporada 2008/09 – relata.
Assim, a queda apresentada neste momento deve ser pontual, respondendo apenas a um movimento sazonal de concentração de oferta.
– Na segunda semana de março poderá ser sentida a resposta do setor aos anúncios da abertura da colheita – frisa.
O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer, afirmou que está trabalhando para a saca de 50 quilos do cereal se manter acima de R$ 30,00 durante a entrada da safra gaúcha, que se concentra nos meses de março e abril. A projeção foi feita em entrevista à Agência Safras, durante a Abertura Oficial da Colheita, que iniciou dia 05 em Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, e que se estende até o dia 07.
– É importante mantermos o produtor remunerado, pois o custo de produção foi estimado em RS 33,00 em novembro pelo Irga. Além disso, o rizicultor está colhendo com o óleo diesel caro, enquanto o preço já recuou em outros países. O adubo, por exemplo, está mais barato hoje, mas não adianta muito, pois na época do plantio não estava.
Os mecanismos do governo federal serão importantes para manter a saca num bom patamar. Até o momento, o Banco do Brasil já alocou R$ 500 milhões para EGF (Empréstimo do Governo Federal). Com os demais bancos, acredita Fischer, este montante pode ultrapassar R$ 600 milhões.