Mercado encerra abril com cotações mais fracas

No total, já foram colhidos mais de 11 milhões de toneladas neste primeiro quadrimestre do ano.

O mercado brasileiro de arroz encerrou o mês de abril com a menor cotação desde 14 de abril de 2008, com a saca do grão em casca cotada a R$ 27,40 na média do Rio Grande do Sul. O mercado sente os efeitos da entrada de uma safra gaúcha excepcional e do ingresso de grãos nas demais regiões do país. No total, já foram colhidos mais de 11 milhões de toneladas neste primeiro quadrimestre do ano. Somente no último bimestre foram quase 80% . O resultado foi a queda de preços de R$ 32,36 por saca no início de fevereiro deste ano, para R$ 27,45 na última sexta-feira (24), uma retração de 15%.

Para o analista de Safras & Mercado, Élcio Bento, é importante destacar, entretanto, que o recuo mais acentuado ocorreu em fevereiro. Em relação ao início de março, a cotação atual recuou 7%. Em abril, a queda acumulada foi de 1%.

– Esta é uma sinalização de que o movimento baixista vem perdendo força – explica.

Com boa disponibilidade interna e com as importações favorecidas pela recente valorização do padrão monetário brasileiro frente ao dólar, é normal que as cotações estejam pressionadas. Contudo, a tendência é que a partir do próximo mês as pontas de oferta e demanda, fiquem mais ajustadas, e o quadro de abastecimento doméstico apertado possibilite que os preços passem a operar no campo positivo. Isso se explica pela queda de um milhão de toneladas dos estoques iniciais em relação ao ano passado.

– Começando a temporada com um montante bastante inferior, o qual não será compensado pela melhora da quantidade produzida, haverá uma maior necessidade de compra externa. Teremos mais um ano ajustado no abastecimento – projeta o analista.

Na temporada 2009/10, o volume de produção nacional equivale a 95% da expectativa de consumo. Isso significa que seria necessária a aquisição de 650 mil toneladas em importações para fechar o abastecimento, mantendo o mesmo volume de estoques finais da temporada anterior (924 mil toneladas). No entanto, o setor continua buscando o escoamento via exportações, de grande importância para o dinamismo da cadeia. Estima-se que o país coloque 500 mil toneladas no exterior. Se isso se confirmar, a necessidade de importações seria de 1,15 milhões de toneladas.

Isso mostra que os preços de comercialização dos 95% do consumo brasileiro produzidos no país, dependerão em grande parte da movimentação do comércio externo brasileiro de arroz. E, quando se fala em negociações no mercado internacional, o câmbio ganha importância. Uma eventual valorização da moeda nacional barateia as importações e derruba a competitividade do cereal doméstico em relação às demais origens.

– O resultado seria um menor volume exportado, que reduziria a necessidade de aquisições, as quais, pela paridade de importação, pressionariam as cotações domésticas. A desvalorização do nosso padrão monetário teria um impacto contrário ao descrito anteriormente – conclui o analista.

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