Safra 2009/2010: custo mais baixo, clima favorável e mais recursos

A previsão de um volume de chuvas acima da média para a região Centro-Sul do Brasil até outubro deverá contribuir para aumentar a safra de grãos 2009/2010.

A safra agrícola 2009/2010 será marcada por um maior volume de recursos no Plano de Safra, tanto para a agricultura comercial, para a chamada “classe média” agrícola e para a agricultura familiar, favorecida pela redução de 10% a 15% dos custos de produção, preços futuros remuneradores para a maior parte das cultura e o auxílio do fenômeno climático “El Niño”.

A previsão de um volume de chuvas acima da média para a região Centro-Sul do Brasil até outubro deverá contribuir para aumentar a safra de grãos 2009/2010. A umidade do solo é um sinal positivo para a soja, o milho, o algodão e outros grãos que serão plantados a partir de setembro e colhidos de fevereiro em diante, com exceção do arroz irrigado. Chuvas durante o plantio é algo muito positivo e pode ajudar para que o país tenha uma boa safra no ano que vem.

O volume de chuvas deverá ficar acima da média no Sudeste e em partes das regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil de agosto até outubro. As precipitações poderão contribuir para neutralizar as perdas de produção deste ano, de até 10 milhões de toneladas de produtos agrícolas, devido à seca. Com relação ao impacto do fenômeno El Niño por regiões, no Sul, está associado a chuvas acima da média e redução do risco de estiagens prolongadas durante o verão.

As maiores safras de milho e soja da região do Sul foram colhidas em anos de El Niño. A recuperação do déficit hídrico acumulado desde o verão deve ocorrer de forma gradual no decorrer do segundo semestre de 2009. Um aspecto que deve preocupar os agricultores do Sul é que o El Niño representa aumento do risco para a lavoura de arroz irrigado.

Outro reforço virá do Plano de Safra 2009/2010 que contará com um orçamento de R$ 107,5 bilhões, 37% a mais do que o orçamento destinado ao setor na safra passada. Desse total, R$ 92,5 bilhões são destinados a agricultura comercial e R$ 15,0 bilhões à agricultura familiar. No ciclo produtivo que se encerra (2008/2009), a agricultura comercial e a familiar tiveram, respectivamente, R$ 65 bilhões e R$ 13 bilhões, embora nem tudo tenha sido usado por várias dificuldades no acesso ao crédito, como o alto grau de risco dado aos produtores rurais e falta de licenças ambientais.

No Plano de Safra 2009/2010, R$ 54,2 bilhões serão aplicados com juros controlados, do total de R$ 92,5 bilhões (e que cresceram 37% para a próxima safra) que fazem parte da verba para a agricultura comercial, pois os outros R$ 15,0 bilhões serão destinados à agricultura familiar.

O governo afirma que optou por aumentar o volume de recursos e manter as mesmas taxas de juros do plano anterior. Dentre as principais metas por esta safra 2009/2010, as ações que visam incentivar o médio produtor rural de forma mais contundente, a agricultura sustentável e o cooperativismo são prioridades.

Por isso, além do aumento na oferta de crédito, o Plano de Safra 2009/2010 é marcado por novas medidas que aumentam o alcance do Proger Rural, programa de apoio ao médio produtor rural. Com mais notoriedade e capacidade de ser utilizado pelos produtores rurais, o Produsa, que estimula a recuperação de áreas degradadas (incluindo pastagens) e ações voltadas à implementação da agropecuária sustentável, vai continuar beneficiando produtores rurais. Um maior apoio às cooperativas, por meio de um novo programa, o Procap-Agro, também faz parte desse novo Plano Agrícola e Pecuário.

No Plano de Safra 2009/2010, o crédito disponibilizado para o custeio e a comercialização totalizará R$ 66,2 bilhões, dos quais R$ 54,2 bilhões são ofertados a juros controlados. Os limites de custeio e Empréstimo do Governo Federal (EGF) foram reajustados em até 50%, conforme a cultura a ser beneficiada. Os limites de investimento foram reajustados em 53,8%. Para estimular com mais intensidade o uso do calcário agrícola na correção do solo, o financiamento desse insumo passa a ser contemplado também no orçamento de custeio a partir da safra 2009/2010.

O montante para financiamentos de custeio e comercialização a juros controlados aumentarão 20,8%, atingindo R$ 54,2 bilhões. Além da criação de novas linhas de crédito, os limites também serão ampliados.

Os custos de produção mais baixos na próxima safra 2009/2010 compensarão parcialmente o recuo do dólar e dos preços futuros agrícolas em relação às máximas atingidas no primeiro semestre de 2008. A expectativa de recuperação das vendas de fertilizantes no segundo semestre é um sinal positivo, que indica que produtor está voltando a incorporar tecnologia à safra brasileira.

Com o retorno da sazonalidade típica do setor, as vendas devem se concentrar nos meses mais próximos do início da safra de verão, entre setembro e outubro. De acordo com levantamento mensal da Anda, as entregas de fertilizantes nos primeiros seis meses deste ano somaram 8,455 milhões de toneladas, uma queda de 26,5% na comparação com igual período de 2008. Os preços dos fertilizantes recuaram cerca de 30,0% ao longo do primeiro semestre.

O caso da soja, cuja área deve crescer no Brasil em 2009/2010, é emblemático. Os preços dos fertilizantes utilizados na soja registram recuo entre 60% e 70% de outubro de 2008 até julho deste ano. O nitrogênio teve uma queda muito rápida, muito evidente, porque o nitrogênio está ligado ao gás natural, ao petróleo. Então, já no final de 2008, a redução dos preços de ureia, sulfato de amônio e nitrato foram muito fortes e elas estão correlacionadas ao petróleo.

O fósforo também houve uma redução forte e também chegou ao fundo do poço. Além dos preços mais baixos, o que está havendo é uma melhor relação de troca. No ano passado, nessa mesma época, no Mato Grosso, por exemplo, para comprar e cobrir os custos pra fazer um hectare de soja, de defensivos, fertilizantes e sementes, o produtor comprometia mais de 30 sacas de 60 Kg de soja por hectare.

Esse ano, a maioria dos produtores conseguiu nos últimos meses fazer os custos da sua lavoura na faixa entre 24 e 26 sacas de 60 Kg de soja por hectare. Então, isso também é um incentivo a mais para que os produtores realizem um plantio com uma tecnologia mais adequada.

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