Produtor enfrenta dilema sobre o plantio de arroz

Agricultores estão divididos entre plantar no prazo certo ou esperar pela água nas barragens. Cautela é a base da recomendação aos produtores.

Com a hora do plantio do arroz chegando, uma preocupação assombra os produtores da Fronteira Oeste: a falta de água nas barragens. Com mais de 85% da área preparada para o plantio, arrozeiros vivem o dilema de quanta área plantar no período adequado, sem correr o risco de ficar sem irrigação mais tarde.

Apenas em Uruguaiana, município que é o maior produtor de arroz do Brasil, deveria ter chovido 1456 milímetros desde novembro passado, mas só foram registrados 558,2 milímetros até agora – 38% do esperado para o período.

De acordo com dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), se o plantio fosse hoje, a Fronteira Oeste poderia irrigar apenas 55% dos seus 316 mil hectares de lavoura.

Ainda que a marca seja preocupante, o Irga não arrisca previsões de diminuição da área plantada na região. Para o engenheiro agrônomo do instituto em Uruguaiana, Gustavo Hernandes, o grande problema vivido pelos produtores é não saber que área plantar em setembro, mês ideal para a semeadura do grão.

– O pessoal está com medo de plantar em uma área maior agora e as chuvas previstas para outubro não serem suficientes para encher os mananciais. Ao mesmo tempo, esperar para plantar mais tarde é correr outro risco, porque, quanto mais tarde se planta, maiores as chances de diminuir a produtividade por hectare – explica o especialista.

Cautela é a base da recomendação aos produtores. Hernandes diz que o produtor deve considerar o histórico do nível de suas barragens no mês de outubro para ter um parâmetro de como estarão este ano.

Ao plantar, é preciso pensar na situação futura da água

Acrescenta ainda que a previsão de El Niño, que deve trazer chuva ao Estado em outubro, é bastante alentadora:

– O produtor não pode se atirar e sair plantando tudo contando que em outubro a barragem estará cheia. Tem de fazer uma média, lembrar como foi o mês em outros anos – pondera.

Produtor, Carlos Simoneti vai seguir a dica. As duas barragens que irrigam lavouras de 700 hectares estão apenas com 10% da capacidade. A preocupação é constante.

– Só vou plantar agora nas lavouras irrigadas pelo rio. As outras, vou esperar, ter paciência. Melhor perder um pouco na produtividade por plantar mais tarde do que perder um trabalho inteiro feito em cima de uma lavoura que depois pode não vingar por falta d’água – completa.

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