Federarroz alerta para perdas na lavoura gaúcha

Depois da estiagem que limitou a área de produção, agora é o excesso de chuvas em curto espaço de tempo que atrasa a semeadura e gera prejuízos. Perda potencial pode superar 1 milhão de toneladas.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) divulgou comunicado nesta quinta-feira (19/11) informando que é preocupante o volume de perdas esperado para a safra 2009/10 na lavoura gaúcha de arroz. A orizicultura do estado contribui com 62% da produção nacional. “Depois da estiagem no inverno, que deixou os mananciais hídricos sem volumes necessários de água para manter a área plantada, agora é o grande volume de chuvas em pequeno espaço de tempo que está causando estragos e, fatalmente, reduzirá a previsão de safra”, explica Renato Rocha, presidente da Federarroz.

O resultado, segundo ele, é que somente 66% da lavoura gaúcha está plantada, em alguns pontos já contabilizando perdas, e com um atraso próximo de 10 pontos percentuais. Falta ainda um terço da lavoura gaúcha para ser cultivada e a melhor época de plantio para as variedades de ciclo médio, já passou.

– Faltando plantar 350 mil hectares, começamos a contabilizar perdas pelos estragos das chuvas e a estimar os prejuízos futuros, decorrentes dos problemas climáticos – reconhece.

Ainda de acordo com Rocha, da área que falta ser plantada, 350 mil/ha, haverá pelo menos uma redução de 100 mil hectares que não poderão ser cultivados, o que pode representar 700 mil toneladas de arroz a menos na produção do estado. Nos 720 mil hectares já semeados, parte destes haverá necessidade de replantio e as perdas são estimadas, no momento, em mais 320 mil toneladas (500 kg/ha), totalizando 1,020 milhão de toneladas, entre redução de área e de perdas.

Segundo o dirigente, os especialistas da federação estimam perdas de produtividade de 500 quilos por hectare, em média. A Conab, em seu levantamento de novembro, já havia previsto uma queda de 480 quilos por hectare na produtividade gaúcha da safra 2009/10. As perdas são enumeradas pela Federarroz pelos danos como os alagamentos de lavouras por longo período, que provocam apodrecimento de sementes, carregamento das plantas, fertilizantes e nutrientes do solo, a ação de aves nas sementes em estágio de emergência, além de estragos de taipas, canais de irrigação e drenagem devido às correntezas e arrombamento de barragens e diques.

O problema aumenta porque, com as lavouras alagadas, há atraso no manejo, como a aplicação de uréia, herbicidas e o controle da lâmina d´água, o que interfere negativamente na produtividade das áreas irrigadas.

– A falta de condições climáticas para realizar o plantio, atraso na época de semeadura – até 10/11 para variedades de clico médio e até 30/11 para precoces – e a falta de cultivares de ciclo precoce e super-precoce no mercado para atender à demanda neste momento, afetarão o resultado da safra – afirma Renato Rocha.

– Apesar da alta eficiência tecnológica da lavoura, a agricultura é uma atividade de risco quando se trata de clima – acrescenta.

O represamento das operações de plantio gera déficit de mão-de-obra especializada nas regiões arrozeiras para atender o acúmulo dos serviços de manejo da lavoura, recomposição dos estragos e, em muitas propriedades, o plantio da soja que é feito imediatamente após encerrar a semeadura do arroz.

Rocha afirma que o cenário ainda pode piorar, com a previsão de tempestades no Rio Grande do Sul pelo menos até o próximo domingo. A boa notícia, em meio a todo esse quadro, seria um ajuste ainda maior nos estoques para 2010 e uma provável elevação dos preços ao produtor.

Área plantada por Regiões no RS (até 13/11/09)

Região Percentual Área plantada até 13/11/09

Fronteira Oeste 76,35%
Campanha 69,68%
Depressão Central 48,25%
Planicie Costeira Interna 65,41%
P. Costeira Externa 41,00%
Zona Sul 77,83%
RS 65,92%

FONTE: IRGA

Municípios atrasados (até 13/11/09):

Município Área total safra 08/09 % de Área Plantada/ha

Palmares do Sul 15,99% (3.149 ha)
Formigueiro 32,62% (3.132 ha)
São Sepé 34% (7.031 ha)
Cachoeira do Sul 35% (14.581 ha)
Capivari 38,50% (4.389 ha)
Cacequi 40% (6.480 ha)
Mostardas 40,35% (16.600 ha)
São Francisco Assis 45% (2.115 ha)
São Pedro do Sul 45,70% (2.701 ha)
Santa Maria 45,80% (5.954 ha)
Viamão 46,14% (12.180 ha)
São Vicente do Sul, Santo Antônio da Patrulha, Tapes, Rio Pardo, Candelária e Livramento Entre 50 a 60%

fONTE: IRGA

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