Oferta encolhe e eleva preço do arroz

Apesar de a escassez da oferta ter levado os estoques internos de arroz abaixo de 1 milhão de toneladas – o suficiente para um mês de consumo -, o País deve bater recorde nas exportações do cereal no ano-safra que se encerra no mês de fevereiro e deve superar a marca histórica de 791 mil toneladas embarcadas alcançada na temporada anterior.

A oferta de arroz no mercado brasileiro e mundial é cada vez menor e os preços internos estão reagindo de maneira rápida e expressiva. Em 15 dias úteis, o mês de janeiro já acumula alta acima de 10% para o produto, lembrando que se trata de um cereal com transmissão de preço quase total para o consumidor. A aceleração é resultado de um cenário de estoques de passagem ajustados e preços em elevação no mercado internacional, tendência reforçada pelas intempéries climáticas que atingem o Brasil e grandes produtores no Hemisfério Norte.

Apesar de a escassez da oferta ter levado os estoques internos de arroz abaixo de 1 milhão de toneladas – o suficiente para um mês de consumo -, o País deve bater recorde nas exportações do cereal no ano-safra que se encerra no mês de fevereiro e deve superar a marca histórica de 791 mil toneladas embarcadas alcançada na temporada anterior.

De acordo com Rafael Poerschke, analista da Safras & Mercado, o quadro de oferta interno é apertado e a tendência para os preços é totalmente altista. "De um lado está a indústria olhando lá na frente, tentando formar estoques, já prevendo um mercado ajustado. De outro está o produtor retraído, esperando a posição que deve melhorar ainda mais, com preços subindo todo dia", disse. "Todos os fatores fundamentais internos e externos contribuem para um cenário otimista dos preços, no médio e longo prazo", complementa o analista. Segundo Poerschke, a indústria deve passar a dar mais atenção aos leilões privados.

Para ele, a tendência é de alta linear até que se atinja o pico da safra, em meados de abril (apesar do início da safra normalmente ser em março, problemas climáticos deverão atrasar a colheita) e mesmo nesse período os preços podem ser sustentados pelo mercado internacional. Estão previstas quebras na safra asiática e o exportador brasileiro poderá aproveitar o momento para ganhar market share, diminuindo a oferta doméstica. "Se o Brasil se consolidar como exportador será mais um fator altista lá fora que vai refletir aqui dentro", avalia o analista da Safras.

No que depender dos produtores gaúchos, o Brasil, mesmo em um contexto de oferta interna ajustada, deverá manter os níveis recordes de exportações alcançados nas duas últimas temporadas. "A meta de exportar 10% da produção do Rio Grande do Sul continua", afirmou Marco Aurélio Tavares, consultor de mercado do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) e vice-presidente de mercado da Federarroz.

A projeção das entidades gaúchas está bem acima das previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estima um embarque da ordem de 500 mil toneladas para o próximo ano-safra, e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), que revisou as exportações brasileiras de 700 mil toneladas para 440 mil.

O que irá definir o volume, segundo Tavares, é o câmbio e a paridade de importação. Esses fatores fizeram com que dentro do ano-agrícola do arroz (fevereiro a março) o Brasil já tenha exportado 763 mil toneladas do produto e é provável que, nos dois meses que restam para a safra acabar, o País supere o recorde de 791 mil toneladas. O numero histórico deve ser superado apesar da queda do volume embarcado no último mês, de 26 mil toneladas em novembro para 16 mil toneladas em dezembro. Desde novembro, quando houve a reversão dos preços – na época a primavera chuvosa resultou no atraso do plantio na Região Sul do País – a cotação interna já se elevou em 22,66% e, hoje, a saca de arroz é negociada acima de R$ 32.

Segundo o consultor de mercado do Irga, o mercado está reagindo em função dos fundamentos e principalmente por ser um ano-safra com estoque de passagem muito ajustado à demanda, adicionado a um mercado internacional com tendência de preços firmes. Os problemas climáticos, como o excesso de chuva na Região Sul do País teriam apenas potencializado a situação. "No ano passado, os produtores já haviam vislumbrado esse cenário, mas a indústria do sul não acreditou nos números e permitiu que mais de 500 mil toneladas de arroz fossem vendidas para o governo", disse. Na época, as sacas foram vendidas ao governo pelo valor de R$ 30,35, valor já superado pelo mercado atual.

1 Comentário

  • A classe produtora deve aproveitar este ano para remunerar melhor seu arroz, e por outro lado, manter a tendência do Brasil de pais exportador, pois o que foi conquistado com muito trabalho, não pode ser desmanchado agora. Temos uma previsão boa para este ano, dependendo das classes envolvidas entrarem em um acordo para que todos ganhem, Produtor, Indústria, e o Brasil como Pais exportador de arroz, consolidando nosso produto la fora

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