Chapa quente!

Recorde nas exportações e mercado mais aquecido esperam o Brasil em 2010.

O Brasil quebrará até o final de 2009 o recorde de exportação de 790 mil toneladas de arroz em casca, segundo os principais analistas de mercado, e poderá chegar a fevereiro de 2010, final do ano safra, com a venda de mais de 900 mil toneladas ao exterior. O volume representará 125% sobre as 400 mil toneladas previstas inicialmente pela Conab para a internacionalização de arroz brasileiro em 2009/10. 

A Conab reconsiderou e, em novembro, previa 750 mil toneladas de embarques para o exterior, mas o número foi superado na primeira quinzena do mês. Por outro lado, prevê importação de 900 mil toneladas, mas até outubro foram apenas 583 mil. Em 2009 o país consolidou posição entre os 10 maiores exportadores do mundo, já alcançada em 2008, quando a anunciada crise de alimentos elevou de 350 para mais de mil dólares a tonelada de arroz e aumentou a demanda no mercado internacional. 

Hoje o Brasil é reconhecido por seu padrão de qualidade e as empresas estão apostando na abertura de novos mercados, uma estratégia que dá bons resultados em volume, mas nem tanto em renda. Somado a isso, fatura sobre o recuo da Índia, que exportaria 4 milhões/toneladas de arroz “paddy” em 2009 e agora prevê importar 3 milhões de toneladas em 2010, em razão da seca. 

Além de consolidar a exportação de quebrados (34%) para a África, o Brasil aumentou a venda de arroz parboilizado (60%), agregando valor à comercialização. A expedição de arroz de alto valor agregado, em contêineres, é uma das modalidades que mais cresce nas remessas externas brasileiras. De março a outubro o Brasil exportou 720 mil/toneladas (base casca), 92% pelo Porto de Rio Grande (RS). As importações somam 583 mil toneladas e o superávit chega a 137 mil toneladas. Este é o exato volume exportado até outubro pelo terminal portuário da Cesa, cedido pelo Governo gaúcho para operações de venda externa de arroz. 

“Isso demonstra que, apesar da queda do dólar frente à moeda brasileira, que reduz as margens, há um esforço da cadeia produtiva em diminuir a pressão de oferta interna, assegurar espaço nesse novo mercado e tornar-se um referencial ao abastecimento de países deficitários no grão”, diz Marco Aurélio Marques Tavares, vice-presidente de mercados da Federarroz. 

 

Uma questão de equilíbrio

Patrício Méndez del Villar, analista internacional do mercado de arroz para o Cirad, da França, afirma que os exportadores brasileiros têm conseguido equilibrar o faturamento com os embarques para o exterior graças à ligeira recuperação nos preços internacionais nesse segundo semestre. “Sem dúvida, o recuo da Índia, que por causa das quebras de produção deixou de exportar 4 milhões de toneladas do grão, refletiu indiretamente nas posições brasileiras e do Mercosul”, informa. 

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) aponta que a demanda global por arroz no ano fiscal 2009/10 subirá para o maior nível desde 1960, excedendo a produção em 2,4 milhões/tonelada. Filipinas e Índia anunciaram intenção de comprar cerca de 4 milhões de toneladas de arroz, ou 13,3% do comércio mundial. Essa demanda elevaria os preços do arroz da Tailândia, referência na Ásia, em 25% em relação aos níveis atuais.

INTERNO
Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, considera o volume da venda externa fundamental para a recuperação gradual dos preços no mercado interno, pois reduzirá o estoque de passagem, estimado em 750 mil toneladas. “Os estoques brasileiros estão muito ajustados para 2010 e haverá uma colheita menor no Brasil e no Mercosul. É um cenário que indica preços mais remuneradores ao produtor”, avisa.

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