Produção de arroz deve cair 9,9% no Brasil, diz Conab

Acompanhe o relatório da Conab sobre a safra de arroz 2009/10. Levantamento completo em nossa área de downloads.

Situação geral

 A lavoura de arroz vem crescendo em produtividade embora a expansão da área encontre dificuldades pela falta de terras apropriadas à cultura, situadas próximas de mananciais suscetíveis a tomadas de água ou derivações para utilização na irrigação, uma vez que a maior parcela da produção vem do arroz irrigado.

A semeadura da safra 2009/10, no Rio Grande do Sul, foi concluída fora do período recomendado, devido as condições climáticas desfavoráveis com chuvas em excesso, enchentes e enxurradas. O período ideal para o estabelecimento da cultura esgotou antes que os produtores conseguissem concluir a semeadura normal e o replantio das áreas perdidas por causa das adversidades climáticas.

Nas regiões produtoras de arroz de sequeiro, a semeadura transcorreu dentro do período recomendado, na maioria dos estados, e as reduções de área se deram por opção dos produtores e por perdas após a semeadura tendo como causa, problemas climáticos. De uma maneira geral, o pacote tecnológico utilizado é considerado muito bom, ajudado pela queda dos preços dos insumos, principalmente dos fertilizantes.

Nas áreas de arroz irrigado, o constante uso das terras (sem rotação de cultura), aumentou a infestação com arroz vermelho e as variedades CL (Clearfield) não estão conseguindo cumprir sua função devido à segregação e conseqüente resistência ao herbicida utilizado no combate desta invasora. A colheita está praticamente concluída, restando em torno de 1% à ser colhido. O prolongamento da colheita foi o reflexo do período de semeadura, prolongado pelas adversidades climáticas. Como esperado, no Rio Grande do Sul, o arroz semeado fora do período recomendado pela pesquisa, teve queda na produtividade, derrubando a média estadual, passando de 7.150 kg/há na safra 2009/10 para 6.410 nesta safra.

Área cultivada

A área cultivada com Arroz na safra 2009/10 está em torno de 2.769,4 mil hectares, 4,8% inferior a área cultivada na safra 2008/09 que foi de 2.909 mil hectares.

Incrementos/reduções

 A redução de área ocorreu tanto no arroz de sequeiro como no arroz irrigado. No arroz de sequeiro a redução foi em decorrência da competição com a soja e da falta de abertura de novas áreas, quando a primeira cultura utilizada era o arroz. As maiores reduções estão ocorrendo em Mato Grosso do Sul (23,4%), Minas Gerais (6,4%) e Mato Grosso (12,0%).

Na região nordeste, além da redução de área de 6,7%, diminuiu também a produtividade (8,5%) e consequentemente a produção (14,7%), isto significa que a região vai colher 157,8 mil toneladas à menor.

No arroz irrigado, as reduções ficam por conta do excesso de chuvas, alagamentos e enxurradas que ocorreram durante o período de implantação da cultura, principalmente na Depressão Central e Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. A redução de área no Estado foi de (2,4%) e a produtividade deve cair ao redor de (10,3%) em relação a safra passada, reduzindo a produção em 984,8 mil toneladas (12,6%), em relação ao que foi colhido na safra anterior.

Sistema de cultivo 

O cultivo do arroz irrigado, na sua grande maioria, é feito pelo sistema de Plantio Direto, Cultivo Mínimo e Plantio Pré-Germinado. O Plantio Convencional foi pouco usado e justifica-se apenas quando as condições climáticas não permitem o preparo antecipado do solo, como aconteceu no Rio Grande do Sul, que nesta safra, teve 30% de Plantio Convencional. Em Santa Catarina, predomina o sistema de cultivo em patamares, o que favorece o uso das sementes Pré-Germinadas. Já o arroz de sequeiro utiliza o Sistema de Plantio Direto para áreas cultivadas à mais tempo e o Plantio Convencional para áreas abertas recentemente. Nas regiões Norte e Nordeste o predomínio é do Plantio Convencional, tradicional.

Clima

As grandes precipitações ocorridas na região Sul, da mesma forma que recuperou os mananciais que fornecem água para irrigação, prejudicou as lavouras pelos constantes alagamentos, principalmente nas áreas mais baixas e situadas próximo às margens dos rios, causando prejuízos consideráveis. Os danos maiores aconteceram no Rio Grande do Sul – Depressão Central e Fronteira Oeste. Nestes locais, onde uma boa parte da semeadura ocorreu fora da época recomendada, o clima favoreceu a cultura, pelo atraso do período de frio, atingindo apenas as áreas semeadas por último.

Nas demais regiões o clima foi favorável para o desenvolvimento da cultura. O clima favoreceu tanto a colheita como o desenvolvimento das lavouras semeadas mais tarde, em todas suas fases, pela manutenção de temperaturas adequadas e boa luminosidade. Ao contrário do que ocorreu no Centro Sul, a região Nordeste foi prejudicada pela falta de chuva, causando perdas irreversíveis na lavoura, além de não permitir a implantação total da lavoura.

Produtividade

A produtividade média nacional esperada para esta safra deve ficar em torno de 4.101 kg/ha, menor 5,3% que a alcançada na safra 2008/09, que foi de 4.332 kg/ha. A diminuição deve-se principalmente aos problemas climáticos ocorridos no Rio Grande do Sul, pelo excesso de chuvas e na região Nordeste devido a escassez de umidade. Em Santa Catarina, a produtividade ultrapassou os 7.000 kg/ha devido ao clima ter sido favorável desde a semeadura até a colheita. No Mato Grosso, a colheita está encerrada com produtividade de 3.008 kg/ha. Na região Nordeste houve queda acentuada de produtividade nos Estados do Piauí, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, devido ao clima desfavorável. Sergipe colheu apenas 196 kg/ha.

Produção

A produção nacional de arroz, na safra 2009/10, está estimada em 11.3556,8 mil toneladas, reduzindo 1.245,7 mil toneladas (9,9%) em relação a safra 2008/09 a qual foi de 12.602,5 mil.

Estágio da cultura

A área cultivada com arroz irrigado está praticamente colhida, faltando menos de 1% da área do Rio Grande do sul. A colheita foi mais longa, devido aos problemas de excesso de chuvas ocorridos no período da semeadura. No arroz de sequeiro a colheita está em fase final e em alguns estados como, Mato Grosso e Goiás, já foi concluída. No Norte e Nordeste, restam algumas áreas para colher.

Qualidade do produto a ser colhido

 A qualidade do arroz produzido no Brasil geralmente é excelente, devido ao uso de variedades pesquisadas, não só visando produtividade mas, também o desempenho na cocção. No arroz irrigado, as variedades mais semeadas nesta safra são: Puitá Inta CL, Irga 424, Irga 422, Irga 417, Irga 409, Olimar e Querência. As variedades que produzem grãos do tipo longo fino, são os preferidos dos consumidores o que fez com que os produtores de arroz de sequeiro, adotassem variedades produtoras de arroz deste tipo.

A variedade de arroz de sequeiro Cambará, vem sendo cultivada nas últimas safras com excelente resultado na produtividade. Nesta safra, em especial, o produto colhido é de excelente qualidade. No arroz irrigado foi aplicado fungicida em toda área cultivada o que melhorou muito a qualidade do grão, levando a níveis acima de 58 de grãos inteiros, mas, colaborou para o aumento do custo de produção, já que a aplicação é aérea.

Mercado

Os preços praticados no mercado, depois de acentuada elevação, estão se mantendo estáveis nas últimas semanas. As variações são regionais por influência da logística. No Rio Grande do Sul o preço da saca com 50kg é de R$ 27,76,00 e no Mato Grosso o preço praticado pela saca de 60 kg de arroz de sequeiro longo fino é de R$ 28,71, Bahia R$ 29,00.

ARROZ EM CASCA (Em 1.000 toneladas )

Safra Estoque Inicial Produção Importação Suprimento Consumo Exportação Estoque Final

2003/04    1.422,9       12.960,4  1.097,3        15.480,6       12.660,0    92,2           2.728,4
2004/05    2.728,4       13.355,2     728,2         16.811,8      12.900,0    379,7         3.532,1
2005/06    3.532,1       11.971,7     827,8         16.331,6      13.000,0    452,3         2.879,3
2006/07    2.879,3       11.315,9  1.069,6         15.264,8      12.930,0    313,1         2.021,7
2007/08    2.021,7       12.059,6     589,9          14.671,2     12.800,0     789,9        1.081,3
2008/09    1.081,3       12.602,6     908,0          14.591,9     12.500,0     894,4        1.197,5
2009/10    1.197,5       11.356,8     950,0          13.504,3     12.500,0     300,0            704,3

Fonte: Conab

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