Apenas o suficiente

 Apenas o suficiente

Produção: queda da safra ajustou os volumes no mercado interno

Queda de 10,8% na safra não compromete o abastecimento nacional.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deu números finais à colheita brasileira de arroz em seu 11º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado na primeira semana de julho. Segundo as estatísticas oficiais, o Brasil produziu 11,236 milhões de toneladas. O volume representa uma retração em 10,8% perante as 12,602 milhões de toneladas obtidas pelo setor produtivo no ciclo 2008/09. Os números finais, que comumente são ajustados pela companhia, apresentaram uma redução de mais 120 mil toneladas sobre o levantamento anterior, principalmente em razão de perdas nas regiões de sequeiro e no Sul catarinense.

A superfície semeada na safra 2009/10 teve redução de 5,2%, estimada em 2,758 milhões de hectares frente aos 2,909 milhões cultivados em 2008/09. A produtividade das lavouras caiu 6%, principalmente em razão do fraco desempenho do Rio Grande do Sul, com forte interferência climática negativa do fenômeno El Niño. A média brasileira caiu para 4,073 mil quilos de arroz por hectare, diante dos 4,332 mil quilos por hectare da temporada anterior.

RANKING
Só o Rio Grande do Sul, que responde por 60% da produção nacional, teve uma retração em produtividade de 10,3% e 12,5% em produção, alcançando 6,9 milhões de toneladas. Santa Catarina, segundo maior produtor de arroz do Brasil, ampliou em 1,7% a sua produção, sem os problemas de clima que enfrentou no ciclo anterior, alcançando 1,056 milhão de toneladas. É seguido no ranking pelo Mato Grosso, que em sistema de cultivo em terras altas alcançou 742,7 mil toneladas, uma safra 7,6% menor do que as 803,9 mil toneladas de 2008/09. O clima também atingiu o Maranhão, com áreas de terras altas e também irrigadas, que teve uma safra 15% menor, estimada em 514,7 mil toneladas perante as 605 mil alcançadas no ciclo passado. Isso em uma área 1,8% menor: 470 mil hectares. A queda de rendimento interferiu bastante na lavoura, sendo apenas 1.095 quilos por hectare frente aos 1.264 quilos por hectare atingidos em 2008/09.

 

FIQUE DE OLHO
A Safras & Mercado divulgou sua primeira estimativa para a safra de arroz 2010/11. Ela prevê um crescimento de 3,8% da área cultivada com o cereal, passando de 2,867 milhões para 2,975 milhões de hectares, associado ao clima. É esperado um ano de La Niña, fenômeno que coincide com as maiores produtividades da orizicultura gaúcha e catarinense, que respondem por mais de 70% da produção brasileira. Até o momento, o nível das barragens é muito bom.

A produtividade média brasileira, segundo o analista Élcio Bento, deve alcançar 4,4 mil quilos por hectare, elevando a produção nacional para 13,07 milhões de toneladas. O cenário, porém, pode ser alterado por oscilações do próprio clima e dificuldades de acesso ao crédito. Para o Rio Grande do Sul estima-se a safra entre 8 e 8,5 milhões de toneladas. Santa Catarina deve manter os 155 mil hectares de área. No Mato Grosso a tendência é de aumento da área em até 3,5%.

 

Chuva enxuga produção
Irga divulga perdasde 1,2 milhão de toneladas na safra gaúcha 2010

O Rio Grande do Sul, estado responsável pela produção de 60% do arroz brasileiro, amargou uma perda de 1,226 milhão de toneladas do cereal na safra 2009/10 com as enxurradas e enchentes causadas pelo excesso de chuvas provocado pelo fenômeno climático El Niño. A retração de 15,23% perante a safra recorde de 8,047 milhões de toneladas do ciclo 2009/10 foi divulgada no relatório final de safra do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), em levantamento que atingiu mais de 70% das lavouras gaúchas. A safra, portanto, somou um total de 6,821 milhões de toneladas, segundo essa fonte – 99 mil toneladas ou 1% menor do que indica o relatório da Conab: 6,92 milhões de toneladas.

Todas as seis regiões arrozeiras gaúchas tiveram redução produtiva. A Depressão Central, região mais atingida pelas enxurradas e alagamentos, apresentou recuo de 33,5% na produção, com rendimento médio de apenas 5,6 toneladas por hectare, 21% menor que no ano anterior. A produção caiu também na Campanha (19,5%), Fronteira-oeste (14,7%), Planície Costeira (9,7%) e Planície Costeira Externa (8,5%). A zona sul foi a região menos atingida pelo clima e conseguiu plantar a maior parte de sua safra dentro do período recomendado. Ainda assim teve perdas de 3,8%.
Além das enxurradas – com o cereal na fase de desenvolvimento – que destruiu uma parte das lavouras, o atraso na semeadura em razão das chuvas intensas e o solo encharcado, que não permitiam a operação de plantio, afetaram a produtividade. O presidente do Irga, Maurício Fischer, destaca que, apesar das adversidades climáticas, a produção alcançada originou a quarta maior safra gaúcha de todos os tempos. Isso, segundo ele, foi possível pelo alto nível tecnológico das lavouras e pelo fato de 62% da área ter sido semeada dentro da época adequada, obtendo boa produtividade.

PERDAS
A área cultivada na safra 2009/10 alcançou 1.085.975 hectares, sendo 1,78% inferior aos 1.105.728 hectares semeados no ciclo anterior. A redução inicial aconteceu em razão dos baixos preços de comercialização no último ano comercial e das dificuldades de acesso ao crédito pelos produtores. Além disso, arrozeiros com a semeadura atrasada desistiram do cultivo em áreas de risco ou usaram os insumos no replantio de áreas perdidas pelas cheias dos rios, rompimento de barragens e enxurradas provocadas por chuvas torrenciais. Foram perdidos 29.079 hectares. A área colhida alcançou 1.056.896 hectares, 2,68% do total da superfície semeada. Cerca de 3,5 mil hectares foram atingidos por granizo, dos quais 2,5 mil com perda total. O efeito foi sentido também na produtividade média do estado, que caiu 11,3%, para 6,4 mil quilos por hectare – quase 800 abaixo dos 7,2 mil quilos por hectare da safra anterior.

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