VAREJO: arroz sobe menos que a inflação em 2007
Mariana Perozzi
Augusto Hauber Gameiro
Arroz Brasileiro – Natural
Comunicação – www.arroz.agr.br.
Os preços do arroz branco longo fino tipo 1 aumentaram 3,49% entre janeiro e dezembro de 2007, segundo pesquisa realizada com exclusividade pelo Sistema de Informações Agroindustriais do Arroz Brasileiro (www.arroz.agr.br). No mesmo período, a inflação acumulada foi de 4,37%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor, calculado pela Fipe/USP (IPC-Fipe).
Um dos setores que mais puxaram a inflação em 2007, conforme amplamente divulgado pela mídia, foi o de alimentos. Tanto que as variações desagregadas mostram que o IPC-alimentos subiu quase três vezes mais que a inflação geral. A alta acumulada do IPC-alimentos foi de 12,06% em 2007, segundo a Fipe/USP.
Desta forma, a alta dos preços do arroz no mercado varejista em 2007, conforme observado pela equipe do Arroz Brasileiro no interior paulista, esteve muito aquém da variação da inflação dos alimentos e mesmo abaixo da inflação geral. Podemos dizer, assim, que o arroz não pode ser responsabilizado pelo aumento da inflação de preços na economia brasileira em 2007.
Segundo equipe do Arroz Brasileiro, os preços do arroz branco longo fino tipo 1, embalagem de cinco quilos, começaram o ano com leve alta, atingindo R$ 8,52 no interior paulista em fevereiro.
Em março e abril, os preços ao consumidor caíram um pouco. Daí até setembro oscilaram positiva ou negativamente de R$ 0,03 a no máximo R$ 0,20 por pacote de um mês para o outro. A variação foi um pouco mais intensa nos meses seguintes – por volta de R$ 0,30 -, mas também sem tendência definida, dependendo sobretudo de ofertas ou promoções de preços. A embalagem de cinco quilos do arroz branco polido (longo fino tipo 1) finalizou o ano a R$ 8,30, em média.
O varejo, no geral, foi marcado em 2007 pela intensificação de ações de marketing das indústrias e empacotadoras, visando conquistar novos clientes, por exemplo, com lançamentos de produtos tipo premium ou nobre. Notou-se que mais marcas estão aderindo à tecnologia que dispensa a lavagem do arroz antes do preparo pelo consumidor. Produtos diferenciados antes disponíveis apenas em embalagens menores, como os enriquecidos com vitaminas, chegaram às prateleiras em pacotes de cinco quilos nos últimos meses do ano.
AGULHINHA – No mercado atacadista do estado de São Paulo, o fardo de 30 quilos do arroz agulhinha também permaneceu firme em janeiro e fevereiro, entre R$ 44,00 e R$ 45,00, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA). Em março as cotações começaram a cair, para ficarem estáveis em R$ 40,00 entre os meses de abril e setembro. Este nível de “resistência” não foi quebrado durante todo o ano.
A recuperação dos preços do arroz beneficiado no atacado começou em outubro, para voltar ao patamar de R$ 45,00/fardo em dezembro.
Por sua vez, o mercado de arroz em casca, em 2007, foi caracterizado por diversos fatores que interferiram no seu curso habitual. O maior escalonamento das vendas dos produtores manteve certo nível de oferta inclusive durante a entressafra. Ao mesmo tempo, a demanda por parte de indústrias e redes varejistas foi moderada. Abastecidas, tornaram o ritmo de negociação lento, sem causar significativa pressão sobre o mercado. Aliás, a questão dos estoques públicos e privados foi relevante durante 2007, sobretudo nos últimos meses do ano.
Por outro lado, nos meses de pico de safra, os mecanismos de comercialização do Governo Federal (AGF, EGF, contratos de opção) conferiram sustentação aos preços, evitando quedas bruscas no mercado. Março e abril, tradicionais meses de queda nas cotações, apresentaram preços em alta em relação a fevereiro.
O teto dos preços ao produtor foi atingido em setembro. Na praça de Uruguaiana (RS), a saca de 50 quilos do arroz em casca foi cotada em média a R$ 24,15, segundo o Banco do Brasil. O indicador de preços do Cepea/Esalq também registrou este pico, sendo o indicador cotado a R$ 24,03/saca, em média, em setembro.
Os preços ao produtor de Uruguaiana terminaram 2007 a R$ 22,44/saca (média do mês de dezembro). Esse valor é 4,37% superior ao registrado em janeiro do mesmo ano (R$ 21,50/saca).
No geral, o comportamento dos preços nos setores atacadistas e varejistas foi bastante similar em 2007. Eles refletiram o movimento dos preços do arroz em casca pagos ao produtor, com um atraso de um a três meses, o que é considerado normal.
Gráfico 1. Comparativo dos índices de variação dos preços do arroz ao produtor, no atacado e no varejo, e dos índices de inflação (base 1.000 = janeiro de 2007).
Elaboração: Arroz Brasileiro/Natural Comunicação