Barreira invisível contra a cárie do grão

 Barreira invisível contra a cárie do grão

Controle assegura menor incidência na lavoura gaúcha

Prevenção tem sido o melhor remédio contra a doença.

Depois do “estrago” registrado na safra passada, a doença conhecida como cárie do grão – causada pelo fungo Tilletia barclayana – vem sendo controlada satisfatoriamente em todas as regiões orizícolas do estado. De acordo com o fitopatologista e pesquisador do Irga, Gustavo Funck, isso ocorre porque os produtores têm aplicado fungicidas preventivos no momento certo (que é na fase de emborrachamento ou R2), antes da antese ou florescimento. Esta prática possibilita a manutenção dos índices de produtividade e melhora o rendimento de grãos inteiros. Ele explica que por se tratar de uma doença considerada secundária (sem importância econômica) na cultura do arroz irrigado, ainda não existe nenhum fungicida registrado no Brasil para esta finalidade. Entretanto, informa que os fungicidas do grupo químico dos triazóis têm um bom efeito no controle da cárie do grão. 

A cárie do grão manifesta-se logo após o período da antese (florescimento), sendo os sintomas caracterizados pelo aparecimento de uma massa preta de esporos, chamados de teliosporos, sobre os grãos. “No início os grãos ficam quebradiços, com alguns pontos escuros, como se fosse um dente cariado, daí a origem do nome comum desta doença”, diz o pesquisador. “A infecção inicia quando os esporos do fungo, trazidos pelo vento, se alojam no estigma da flor no momento da floração (liberação da antera), onde germinam. Suas estruturas penetram até a região do ovário, passando a digerir o endosperma do grão, não invadindo o embrião. Com o seu desenvolvimento, o fungo acaba substituindo parcial ou totalmente o grão em formação, tornando-se visível externamente ao romper a casca”, descreve. 

Para minimizar os efeitos desta doença, além da aplicação de fungicidas, o pesquisador recomenda que os produtores façam um bom manejo na sua lavoura, evitando principalmente adubação nitrogenada em excesso, semeadura na época recomendada e alternância de cultivares. Ele chama a atenção para o fato de que embora não tenha sido registrada a presença de nenhum sintoma da cárie do grão nas lavouras gaúchas nesta safra (pelo menos até fevereiro de 2008), é preciso estar alerta. 

“Como neste ano temos a presença do fenômeno climático La Niña (redução de chuvas principalmente durante a primavera), as condições de clima tornam-se favoráveis para a ocorrência da doença, ou seja, baixa precipitação, alta luminosidade e temperaturas altas, variando de 25 a 30ºC, principalmente durante a floração”, avalia. 

 

BRUSONE SOB CONTROLE

A brusone (Pyricularia grisea) ainda é considerada a doença de maior importância para a cultura do arroz irrigado. Caracteriza-se por seu alto poder destrutivo e ocorre em todas as fases de desenvolvimento da cultura, ou seja, durante os estádios vegetativo e reprodutivo. Incide também sobre todas as partes da planta, como folhas, colmos, panículas e grãos, e além disso, em anos epidêmicos e sob condições favoráveis pode causar danos de até 100% nas lavouras. 

Entretanto, algumas práticas de manejo como a adubação equilibrada, o uso de semente de boa qualidade fisiológica e sanitária e a semeadura de cultivares resistentes (como por exemplo as novas cultivares do Irga, Irga 424 e Irga 423) na época recomendada podem reduzir significativamente os danos ocasionados pelo fungo. “Por mais que a brusone seja considerada a doença de maior importância, ela vem sendo controlada satisfatoriamente pelas práticas de manejo e principalmente pelo uso de cultivares resistentes”, destaca Gustavo Funck. 

Para dar suporte à diagnose de doenças, o Irga, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), edita uma publicação eletrônica, denominada de Fitopatologia.net, sobre doenças de plantas, em especial o arroz irrigado, que está disponível em http://www6.ufrgs.br/agronomia/fitossan/herbariovirtual/. 

Nesse site, produtores e técnicos têm acesso às informações didáticas sobre as principais doenças do arroz, como descrição dos sintomas com fotos, etiologia e orientações sobre os métodos de controle, entre outros. 

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