Tudo para dar certo
Produtor pode ter melhores preços em três safras
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O mercado de arroz brasileiro poderá entrar no segundo semestre de 2007 e chegar até fevereiro de 2008 registrando a melhor média de preços das últimas três safras. A expectativa é unânime entre os principais analistas do mercado de arroz, embora apresente algumas ressalvas entre o cenário mais otimista e o pessimista. De uma maneira geral, a crença é de que os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul – saca de 50 quilos com 58% de grãos inteiros – flutuem entre um mínimo de R$ 22,00, que é o preço mínimo de garantia do Governo Federal, e R$ 27,00 a R$ 28,00, que seria o valor estimado do preço de liberação de estoques (PLE) e a paridade internacional dos mercados norte-americano e asiático.
A safra menor no Brasil e no Mercosul, aliada à expectativa de um estoque de passagem ajustado em fevereiro de 2008, além de uma inédita e eficiente ação de apoio à comercialização desde o início da safra por parte do Governo Federal, são fatores que indicam uma tendência de mercado que remunere melhor em comparação às safras mais recentes. Ainda assim, os resultados serão favoráveis aos produtores com melhor gestão de suas lavouras e suas finanças.
Isso porque o custo de produção estimado pelas entidades do setor para a safra passada ficou entre R$ 26,50 e R$ 29,00 o hectare, no Rio Grande do Sul. Diante deste cenário, os preços de mercado seriam bem melhores do que nas duas últimas safras, por exemplo, mas ainda assim estariam abaixo do custo de produção. “Nestas condições o produtor segue pagando para trabalhar e se endividando”, explica Valter José Pötter, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul.
O analista do mercado de arroz da Safras & Mercado, Tiago Sarmento Barata, lembra que a eficiência dos leilões de contratos de opção e outros mecanismos do Governo Federal, como EGFs, AGFs, CPRs, etc, foram fundamentais para manter a estabilidade do mercado em plena safra, um comportamento atípico no histórico da comercialização de arroz no primeiro semestre do ano.
“Ainda assim, na maioria das regiões gaúchas e catarinenses as cotações persistiram abaixo do preço mínimo de R$ 22,00”, destaca Sarmento Barata.
Dólar ainda preocupa
Para Camilo Oliveira, da equipe de política setorial do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), a tendência de uma recuperação de preços no segundo semestre de 2007 e nos dois primeiros meses de 2008 é muito clara, embora alguns fatores possam “travar” uma alta mais significativa dos preços ao produtor. “A questão do dimensionamento no volume de estoques privados, que gerou impacto no mercado no final de 2006, ainda não está clara e a valorização da moeda brasileira perante o dólar ainda é fator que dificulta as exportações e favorece à importação de arroz, gerando um descompasso na balança comercial do setor”, lembra. Isso, segundo Oliveira, não quer dizer que o cenário é pessimista, mas que esses fatores precisam ser considerados na hora de estabelecer indicativos de mercado.
FATORES QUE VÃO INFLUENCIAR NOS PREÇOS ATÉ FEVEREIRO
Positivos
1. Safra menor no RS, Brasil e Mercosul (foi mesmo?)
2. Estoque de passagem menor
3. Preços internacionais em ligeira alta
4. Mercosul encontrou outros mercados
5. Mecanismos de comercialização funcionaram
6. Produtores conscientes da necessidade de regular oferta
7. PLE x paridade internacional
Negativos
1. Estoque remanescente (privado) maior do que o previsto
2. Dólar em baixa (real valorizado)
3. Varejo querendo preço (cesta básica x impacto social)
4. Estoques governamentais maiores (AGF)
5. Endividamento do setor
6. Importação direta do centro e do nordeste do país de beneficiado do Mercosul
Fique de olho
O diretor de mercados da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares, é mais otimista com relação à tendência de recuperação dos preços do arroz ao produtor. Ele lembra que os próprios dirigentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informaram em março, em São Gabriel, trabalhar com um indicativo de preço médio de mercado para o arroz em 2007/2008 na faixa de R$ 27,50 no Brasil. “Provavelmente o PLE não ficará abaixo disso, pois bateu acima de R$ 26,00 no ano passado”, lembra. Tavares considera que o cenário é favorável a uma recuperação de preços ao arroz que, se ainda não é ótimo, é no mínimo tranqüilizador para os produtores que receberam até R$ 16,00 pela saca de arroz no ano passado.