Mudança de hábito

Em 30 anos, consumo caiu 46%, diz IBGE
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Dados do IBGE informam que em 30 anos (1975 a 2004) o consumo brasileiro de arroz caiu 46% per capita no Brasil. Entre os principais fatores, a pesquisadora Beatriz da Silveira Pinheiro, chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão (GO), afirma que contribuiu a mudança de modelo da sociedade moderna. “As mulheres estão ingressando mais no mercado de trabalho, sem tempo para cuidar de casa. E os orçamentos não estão conseguindo acomodar mão-de-obra doméstica”, define. Neste contexto também, a necessidade de ganhar tempo leva a dona de casa a optar por pratos de rápido preparo, em detrimento do arroz com feijão. 

O consumo fora do domicílio é uma nova realidade, especialmente nas grandes cidades, principalmente nos populares restaurantes a quilo. Nestes, se percebe a peculiaridade de tornar a comida “trivial” – no caso o arroz – menos atraente, levando à substituição por alimentos mais elaborados, que possivelmente alteram a proporção mais adequada entre os componentes da pirâmide alimentar. Por exemplos como esse, o IBGE aponta que o consumo de arroz na zona rural é quase o dobro das cidades. 

Há, no entanto, uma ampla variação de consumo por estado e por região. O maior consumo de arroz dá-se no Centro-oeste, com 36 quilos per capita/ano, o menor na Região Sul, com 18,5 quilos. A maior quantidade por estado foi registrada em Goiás, com 42 quilos, e a menor no Amapá, com 8,9 quilos. A variação mais expressiva no consumo de arroz do Brasil se dá por faixa de renda. E gera um dado curioso. 

Questão básica 
Os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar 1995/1996 e 2003/2004 foram trabalhados pelos pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão, Carlos Magri e Alcido Wander. Observaram que na população de baixa renda há crescimento do consumo de arroz à medida que cresce a renda familiar, até uma faixa de seis salários mínimos (20 quilos para 38 quilos anuais). Na faixa até três salários houve aumento do consumo. Já nas faixas de médio poder aquisitivo (cinco a 15 salários mínimos) há uma redução do consumo com o aumento da renda. Na faixa maior que 15 salários, que tinha consumo de 25 quilos em 95/96, a pesquisa evidenciou expressiva redução, para menos de 20 quilos per capita/ano.

Fique de olho
Os principais alvos de uma campanha para promoção de consumo de arroz encontram-se nas faixas de baixa e de alta renda. Na primeira, existe uma demanda reprimida de arroz e a ampliação do consumo se dará via aumento de renda ou programas assistenciais. Uma forma efetiva de prover o alimento seria através da merenda escolar, reforçando e diversificando as formas de aporte do produto. Já para a população de maior poder aquisitivo, a diversificação de produtos industrializados à base de arroz e o maior uso do grão em pratos requintados e em receitas diferenciadas podem ser uma forma de aportá-lo de maneira mais atrativa a este segmento.

 

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