Clearfield chega às terras altas

 Clearfield chega às terras altas

Rangel, da Embrapa Arroz e Feijão

Plantas daninhas são o foco do sistema que chega em 2007.

Em arroz de terras altas, a ocorrência de plantas daninhas tem sido um dos principais entraves na consolidação de um sistema de cultivo auto-sustentável para os agricultores do centro-oeste e sudeste do país. Avaliações preliminares têm mostrado que as cultivares comerciais apresentam suscetibilidade aos herbicidas utilizados, o que tem restringido o seu uso em grandes áreas de cultivo. 

Para o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão Paulo Hideo Nakano Rangel e sua equipe, o sistema de produção conhecido por Clearfield pode ser a opção redentora.
Segundo ele, as modificações nas populações de invasoras, o desenvolvimento de espécies resistentes aos herbicidas e a necessidade de utilização de produtos cada vez menos agressivos ao ambiente tornam necessário o desenvolvimento e validação de novos princípios ativos, que atendam a estas exigências. 

O aumento do custo com defensivos também gera maior pressão dos produtores sobre o segmento de pesquisa. “Classes de herbicidas que agem especificamente em processos metabólicos vegetais, como aqueles da classe das imidazolinonas, hoje utilizados em sistema de produção de arroz irrigado no Rio Grande do Sul , são potencialmente mais seguros do ponto de vista ambiental”, frisou o pesquisador da Embrapa. 

“Logicamente, a tolerância do arroz a estes novos compostos é condição determinante para o sucesso de sua incorporação no processo agrícola”, acrescentou. 

Nesse sentido, um mutante (As 3510) de arroz, de propriedade da Basf tem apresentado tolerância a herbicidas da classe das imidazolinonas e permitido o controle eficiente de várias invasoras de folhas largas e estreitas e, inclusive, do arroz vermelho.

FIQUE DE OLHO
A característica presente no mutante é controlada por um gene de ação dominante. Além do As 3510, um novo mutante, que proporciona um espectro maior de resistência, foi obtido e transferido para a cultivar americana de arroz irrigado Cypress CL, que possui alta produtividade, ciclo precoce, planta com arquitetura moderna e excelente qualidade de grãos.
O uso de compostos da classe das imidazolinonas para controle de ervas daninhas na cultura do arroz depende, portanto, da transferência do gene às cultivares elites já incorporadas ao sistema produtivo. Assim, desde novembro de 2001, a Embrapa, em parceria com a BASF, vem desenvolvendo um projeto que visa incorporar às cultivares/linhagens de arroz de terras altas o gene que condiciona esta resistência. 

Questão básica
Até o momento foram obtidas oito linhagens da cultivar Maravilha, três da Bonança, quatro de CNA 8557 e duas da Talento, com o gene de tolerância ao herbicida do As 3510, que estão sendo avaliadas em Ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) em três locais do Mato Grosso (Sinop, Lucas do Rio Verde e Sorriso). O lançamento comercial de uma cultivar de arroz de terras altas está previsto para o ano agrícola 2006/07. No caso do gene de segunda geração, que está presente no Cypress CL, no processo de incorporação, além do retrocruzamento normal, está previsto também o uso de seleção assistida por marcadores moleculares, o que poderá antecipar o lançamento já para o ano agrícola 2007/08.

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